Mudança de comportamento do belo-horizontino é constatada em pesquisa da CDL-BH.
Pressionado pela recessão econômica de um lado, e por um cenário político incerto do outro, o belo-horizontino está mais cauteloso na hora de efetuar as compras. O valor de uma mercadoria, por exemplo - antes colocado em segundo plano nas avaliações de consumo - agora encabeça a lista dos itens considerados mais importantes pelos moradores da capital mineira, conforme indica a pesquisa “Perfil do Consumidor”, realizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). Segundo o levantamento feito durante o mês de março, o preço (30,5%) e a qualidade do produto (15,0%) foram citados como os principais quesitos analisados antes da compra.
“Quando o dinheiro se torna escasso, o consumidor tende a procurar o preço que cabe no seu orçamento. Então, ele acaba pesquisando mais por um valor melhor. Em várias pesquisas que fizemos no passado, o item preço costumava ficar em terceiro lugar nas avaliações, mas agora está bem acima dos outros quesitos, o que chamou muito a nossa atenção”, avalia o vice-presidente da CDL-BH, Marco Antônio Gaspar.
Com menor poder de compra, o belo-horizontino passou a priorizar mais a relação custo/benefício do produto. Fatores antes vistos como primordiais, como o atendimento, no entanto, ficaram para trás. Gaspar explica que esse fenômeno nada mais é de que uma consequência da crise econômica atual. Além de preço e qualidade, os itens mais ponderados pelos consumidores são formas de pagamento (10,5%), educação e cortesia dos funcionários (10,3%) e marca do produto (7,7%).
Entre as mulheres, 32% (a maioria) afirmam avaliar o preço em primeiro lugar antes de efetuar o consumo. Já no sexo masculino, esse universo é de 28,5%. O fato de a maioria das consumidoras serem as responsáveis por grande parte das compras da casa justifica a maior atenção do gênero feminino ao valor dos produtos. Na comparação por classe social, o preço é valorizado por todas as faixas econômicas, inclusive a A/B (31,2%), que detém maior poder aquisitivo. Na classe C/D, o percentual é de 30,5%, e na E, 28,3%. Em termos de faixa etária, os idosos apresentam maior preocupação com os valores: 34,7% deles indicam o preço como principal item.
“Isso é um sinal de uma maturidade do consumidor, que, em função da situação atual, acaba pesquisando mais antes de comprar”, afirma Gaspar. De acordo com o vice-presidente da CDL-BH, o belo-horizontino tem melhorado o seu comportamento e, cada vez mais, tem se interessado em planejar as finanças. Prova disso é que, ao serem questionados sobre a frase que mais se encaixaria com sua realidade quando decidem consumir, 67,8% dos entrevistados responderam que quando têm a intenção de adquirir um produto, fazem um planejamento e analisam se o custo cabe no orçamento.
Finanças - Gaspar reconhece, porém, que um reaquecimento da economia pode levar ao relaxamento de parte desses consumidores com as finanças. “Essa mudança foi um pouco brusca no cenário. Até 2014, estava todo mundo satisfeito, tanto que promovemos a continuidade do mesmo governo. Mas quando há dinheiro no bolso, há uma tendência maior ao relaxamento. Logo, quando começar a sobrar dinheiro, a comodidade deve falar mais alto”, acredita.
Os produtos de maior interesse de consumo dos belo-horizontinos apontados pela pesquisa são roupas (23,2%), calçados (18,1%) e produtos alimentícios (15,1%). Em relação à forma de pagamento, a maioria dos consumidores da capital (79%) tem escolhido fazê-la à vista. As opções mais utilizadas são o cartão de débito (33,9%), cartão de crédito à vista (23,4%), dinheiro (19,9%), boleto bancário (1,2%) e cheque à vista (0,6%). Os homens (86,7%) são os que mais pagam as compras à vista.
Veículo: Jornal DCI