A crise econômica brasileira parece não preocupar os fabricantes de produtos de beleza e cuidados com os cabelos. O segmento deve registrar um crescimento de 16,6% entre 2015 e 2020 no País, de acordo com uma pesquisa da consultoria Euromonitor.
O ritmo é menor se comparado ao avanço de mais de 43% acumulado nos últimos cinco anos. Mas, mesmo assim, não tira o entusiasmo dos profissionais do setor. Isso porque, foi o mercado brasileiro que conduziu o crescimento da América Latina nos últimos anos. A região teve o melhor desempenho no mundo, respondendo por quase metade das vendas globais de itens para cabelos.
O analista de mercado de beleza e cuidados pessoais da Euromitor, Oru Mohiuddin, observa que a indústria vem, cada vez mais, incorporando soluções mais sofisticadas para ajudar a criar um cabelo com aspecto saudável.
A francesa L'Oréal, por exemplo, lançou nesta semana no Brasil uma linha para tratar cabelos danificados. A primeira etapa do tratamento deve ser feita no salão e para garantir que as consumidoras, de classe A e B, darão continuidade ao processo a companhia desenvolveu um programa de fidelização. Antes da aplicação dos produtos, o cabelo é diagnosticado e por meio de um aplicativo a empresa mantém contato com as clientes para avisar quando deve ser o retorno ao salão para a próxima fase do tratamento. Segundo o diretor superintendente da divisão de produtos profissionais da L'Oréal, Mikael Henry, esse é o maior investimento da empresa. A linha batizada de Pro Fiber deve garantir à L'Oréal um aumento de 20% no número de salões de cabeleireiros que usam o produto. "Vamos colocar o produto em mil salões nesse primeiro momento. Até o final do ano queremos chegar a 4 mil pontos de vendas", disse o executivo, destacando que a linha Pro Fiber deve ser produzida na planta fabril da companhia no Rio de Janeiro a partir do ano que vem.
Atualmente, a linha vem da de fábricas da L'Oréal no exterior, o que coloca a empresa em desvantagem, na visão de profissionais. A escalada do dólar nos últimos tempos tem favorecido as fabricantes genuinamente brasileiras.
Vantagens
Segundo a diretora executiva e fundadora da Truss, Manuella Bossa, embora os custos estejam subindo, especialmente de matérias-primas importadas, produzir localmente dá às brasileiras mais competitividade.
"Ficamos mais baratos em relação aos importados já tradicionais nos salões", observa ela, destacando que os tratamentos da empresa chegam a custar metade dos preços dos estrangeiros. Manuella projeta vendas 12% maiores neste ano em relação a 2015, quando o faturamento aumentou 18% na comparação anual.
Para garantir a expansão a Truss vai lançar oito produtos masculinos e uma linha de tratamento para cabelos loiros, além de novas embalagens para atender a demanda internacional. Hoje, a Truss exportação para nove países, incluindo os Estados Unidos.
Também de olho no mercado norte-americano e nos homens, a Ponto 9 lançará novas embalagens de produtos e um tratamento especial para cabelos descoloridos. "O produto é revolucionário e não tem concorrentes no País, que tem muita miscigenação", afirma a diretora da área de pesquisa e desenvolvimento da Ponto 9, Patricia Toscani. Ela conta que já foram catalogados pelo menos 82 tipos de cabelos diferentes no Brasil.
Na opinião do Mikael Henry, da L'Oréal, a diversidade racial favorece o desenvolvimento de produtos bem diferentes. "O Brasil é muito rico em diversidade racial. Aqui temos vários tipos de cabelos", disse o executivo, destacando que a multinacional abrirá no Brasil seu sétimo centro de pesquisa.
Patricia, da Ponto 9, acredita que a diversidade também valoriza do produto brasileiro no exterior. "Normalmente, eles [EUA] pagam 20% a mais nos produtos por poderem usar em vários tipos de cabelos", conta.
Veículo: Jornal DCI