O impacto da crise econômica sobre os grandes grupos varejistas do país está obrigando diversas marcas a pisarem no freio em 2016. A C&A, gigante do segmento de vestuário, já anunciou o fechamento de 12 lojas até o fim do ano. O Via Varejo – grupo que engloba Ponto Frio, Casas Bahia e Bartira – fechou 39 lojas nos últimos meses. Na última semana, a Máquina de Vendas informou que vai unificar as cinco marcas do grupo na Ricardo Eletro, como forma de adequar os custos ao momento vivido pelo país.
Com a fusão, a Ricardo Eletro passará a ser a bandeira com o maior número de lojas do varejo de eletroeletrônicos do país. Quase mil pontos de venda distribuídos em 23 Estados e no Distrito Federal. A mudança deixa claro que a queda nas vendas já se reflete na estratégia empresarial dos grupos.
Mudança
Para o presidente do grupo Máquina de Vendas e fundador da Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, a característica regional continuará ditando a atuação da companhia após as mudanças.
“Respeitamos a marcas locais, inclusive deixaremos as duas bandeiras (a Ricardo Eletro e uma das outras quatro) convivendo juntas em todas as lojas. Vamos manter essa cultura de mix de produto, o atendimento e as ofertas serão customizadas para agradar a todos os perfis de clientes onde quer que eles estejam”.
De acordo com o grupo, as lojas funcionarão com a bandeira tradicional e com a logomarca da Ricardo Eletro. Os canais de e-commerce seguirão a mesma linha com as duas logomarcas em suas páginas.
Já os portais especializados E-Colchão, Mala Mix, Kangoolu, Cipela e Clube do Ricardo – que fazem parte do grupo Máquina de Vendas – vão manter suas operações individuais, como já acontece hoje.
Desafio
Para o Via Varejo, um dos maiores grupos varejistas do país, os impactos também acarretaram mudanças. Por meio de nota, o grupo informou que as expectativas do mercado para o crescimento da economia ao final de 2014 eram diferentes do cenário verificado no fim de 2015 e impactou em cheio o nicho do comércio varejista de eletroeletrônicos e bens de consumo.
“Esperamos um 2016 ainda bastante desafiador. A Companhia está preparada para enfrentar este momento, com foco na competitividade, sem afetar a rentabilidade. Continuaremos com frentes para ajustar os custos ao novo patamar do mercado e buscando novas linhas de receita”.<EM>
Emprego
A consequência direta do fechamento de unidades dos grandes grupos tende a ser o aumento do desemprego. Segundo projeções da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), com base nos dados do Caged, o varejo deverá cortar 253,4 mil empregos formais em 2016. Em 2015, segundo Caged, foram fechadas 179,9 mil vagas no comércio varejista.
O economista da CNC, Fábio Bentes, destacou por meio de nota que o ajuste na mão de obra é tardio, mas responde diretamente à queda nas vendas do varejo. “Apesar da nítida perda de ritmo de atividade, a redução do número de empregados no varejo em relação ao mesmo período do ano anterior se deu somente a partir de agosto de 2015, quando as vendas já acumulavam recuo de 5,2% no mesmo intervalo de 12 meses”.
Inadimplência cresce e se transforma em complicador adicional para o comércio
Assim como os empresários, o consumidor também está pagando caro pela crise. Com a inflação na casa dos dois dígitos, manter o controle das dívidas se tornou uma tarefa mais difícil. A constatação é de uma pesquisa feita pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH).
Segundo o levantamento, o número de dívidas em atraso no Estado apresentou alta de 8,22% em março, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. O crescimento é o maior dos últimos quatro anos, na mesma base de comparação. Na comparação de março com o mês anterior, o número de dívidas em atraso cresceu 1,23%.
De acordo com os dados do Serviço de Proteção ao Crédito das CDLs de Minas Gerais, os consumidores com idade entre 50 e 64 anos foram os responsáveis pelo maior crescimento (15,21%) do número de dívidas em atraso em março, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. “Grande parte dessas pessoas são responsáveis financeiramente por suas famílias e devido ao aumento do custo de vida estão com mais dificuldades em honrar suas dívidas”, afirma o presidente da CDL/BH, Bruno Falci.
Veículo: Site Hoje em Dia