Popularização de internet das coisas passa por barateamento de software

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O acesso do varejo e do setor de serviços à internet das coisas ainda não é comum, mas deve se popularizar na medida em que softwares para a gestão do recurso se tornarem mais baratos. Enquanto isso, a indústria e o setor público surgem como mercados seguros para aplicações do gênero.

O segmento ganhou na semana passada mais um concorrente de peso, quando a SAS, gigante do ramo de softwares de inteligência analítica, anunciou o lançamento de uma nova plataforma (batizada Analytics for IoT) exclusivamente voltada para a gestão de dados oriundos de sensores M2M (abreviação de machine-to-machine, ou máquina a máquina). Os focos, em um primeiro momento, serão manufaturas e indústrias, com destaque para o segmento energético.

A expectativa, contudo, é que em breve a tecnologia se torne acessível para outros setores onde o uso de dados coletados a partir de dispositivos como carros e eletrodomésticos ainda engatinha, como o comércio até mesmo pequenos negócios.

De acordo com o vice-presidente executivo e chefe do departamento de vendas da SAS, Carl Farrell, o primeiro passo para essa "democratização" já está sendo dado, através do barateamento daquilo que é conhecido como data management - ou processamento de dados -, possibilitada não apenas pela maturação da tecnologia, mas também pelo desenvolvimento de aplicações que rodam no ambiente de nuvem, como o próprio produto lançado pela multinacional e já disponível para o mercado brasileiro.

Ainda assim, a tecnologia tem setores mais tradicionais como "desbravadores". De acordo com levantamento recente da SAS, as indústrias de máquinas, de telecomunicações e a automotiva são as que promovem a sensorialização em ritmo mais veloz.

No caso do Brasil, contudo, há o receio - já manifestado ao DCI pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) - de que o momento delicado do setor e a falta de incentivos à inovação levem a indústria nacional a "perder o bonde" da chamada indústria 4.0. Farrell, por sua vez, não compartilha do pessimismo, destacando o caráter irreversível da tendência e lembrando que muitas empresas já possuem projetos maduros automação e sensorialização "antes mesmo disso se chamar internet das coisas".

Futuro

Quando aplicada na indústria, a internet das coisas possibilita um controle mais apurado sobre processos graças a sensores acoplados ao maquinário, conectados à internet e capazes de gerar informações em tempo real.

Já o uso da tecnologia em outras verticais pode ir muito além da telemetria, uma vez que empresas terão acesso a uma enorme quantidade de dados coletados a partir de eletroeletrônicos (como televisores, lavadoras de roupa ou geladeiras), vestíveis e automóveis, sejam eles autônomos ou não; a diferença é que como e para qual finalidade esses dados seriam utilizados ainda não é algo claro para boa parte das companhias.

"A IoT vive um momento de pré-plataforma. Google, GE, Cisco, Qualcomm e Intel, entre muitos outros, são reivindicadores do trono", afirma a consultoria especializada em tecnologia Cesar, em relatório recente sobre o tema. "O resultado é um mercado fragmentado, no qual o risco do consumidor, ao adotar determinada solução, é somente dele", completa o documento.

Parte dos esforços do governo para facilitar o acesso à tecnologia envolve a criação de uma modalidade especial de terminais M2M que paga uma taxa de fiscalização reduzida - algo que possibilitou um salto de 12% no número de terminais do gênero entre fevereiro de 2015 e o mesmo mês de 2016. O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também tem interesse no tema e possui uma chamada pública em andamento para a captação de projetos de IoT, uma vez que a tecnologia é vital para o desenvolvimento de iniciativas de cidades inteligentes.

De acordo com Farrel, da SAS, a demanda por softwares de processamento de dados para entes públicos brasileiros caiu levemente em 2015, mas já começou a se recuperar em 2016 - quando serão realizadas eleições municipais no País.

 

Veículo: Jornal DCI


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