Com expectativa de queda nas vendas, o Dia das Mães deste ano deve ser o das lembrancinhas, apontam especialistas. Os produtos com um preço menor, como itens de beleza, bijuterias, artigos de uso pessoal e vestuário são os que devem se sobressair. No comércio eletrônico a previsão é que o tíquete médio caia 20% este ano.
De acordo com o vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Rodrigo Bandeira, o valor médio que os consumidores devem gastar na data comemorativa, no e-commerce, deve ser de R$ 256, quantia cerca de 20% menor do que os R$ 360 registrados em 2015.
A falta de confiança do consumidor em assumir novos empréstimos, impulsionada pela queda da renda e do emprego, é um dos fatores que deve influenciar essa maior procura por itens de baixo custo, segundo economistas consultados pelo DCI.
"A massa de recursos para o consumo caiu muito este ano e recorrer para o empréstimo seria correr direto para o abismo. Nessa conjuntura, o brasileiro deve procurar economizar com presentes mais baratos", afirma o economista da Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes.
Para o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Emílio Alfieri, o consumidor não está disposto a assumir novos empréstimos neste momento, portanto, os maiores prejudicados na data comemorativa serão os segmentos de móveis e eletrodomésticos, que dependem muito do mercado de crédito.
Estudo da CNC com projeções para as vendas no período mostra que os segmentos de Artigos de Uso Pessoal e Doméstico, e Vestuário e Calçados serão responsáveis por mais de 65% do volume de vendas este ano.
Diante dos resultados obtidos pela pesquisa o economista da entidade, Bentes, chegou a afirmar que o presente típico do Dia das Mães deste ano será a lembrancinha. "Os produtos que devem sair mais são aqueles com o tíquete médio menor e que não foram tão afetados pela inflação", afirma.
O que fazer?
Para tentar atrair os consumidores nesse cenário pouco otimista, os varejistas têm feito de tudo. "Diminuir a margem de lucro, alongar os prazos do crediário para reduzir o valor das parcelas, e promoções de todos os tipos são algumas das alternativas adotadas pelas empresas", afirma Alfieri, da ACSP. Para a sócia-diretora da consultoria Vecchi Ancona, Ana Vecchi, outra estratégia que as companhias têm adotado é investir mais em marketing e comunicação.
Na capital, o Shopping Center 3, por exemplo, afirma ter aumentado em cerca de 10% o investimento em marketing para a data deste ano, em comparação com o ano passado. "Temos trabalhado muito a sensação da marca do shopping, para lembrar o consumidor que ele pode encontrar tudo aqui. Investimos em Elemidia, catálogos com sugestões de presentes e guias", conta a gerente de marketing do shopping, Cecilia Hastings.
O MercadoLivre, maior marketplace da América Latina, também afirma ter aumentado consideravelmente o investimento em marketing este ano e ter obtido bons resultados com as ações.
"Temos alcançado ótimos resultados, que são refletidos no aumento das vendas", afirma o diretor de marketplace da empresa, Leandro Soares. "A marca tem que ser lembrada, para que o consumidor procure por ela quando for comprar", avalia Ana Vecchi.
Volume de vendas
Apesar dos esforços, a previsão de entidades do setor é de que o volume de vendas este ano caía entre 4,1% a 10%, em comparação com o ano passado. "Ante a conjuntura macroeconômica atual, a queda nas vendas pode ir de -5% a -10%", diz Alfieri. A CNC sinaliza uma queda de 4,1% para a data, valor que se confirmado seria o pior resultado desde 2004. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), por sua vez, aponta uma retração de 6%.
O clima de pessimismo parece ter atingido as administradoras de shoppings, a ponto do gerente de marketing do Continental Shopping, Rodrigo Rufino, afirmar que o objetivo da empresa para este ano é empatar com o ano passado, em fluxo de consumidores e volume de vendas "Se conseguirmos empatar com 2015, já será um resultado positivo", diz. O centro de compras fica em São Paulo, no Jaguaré.
Comércio eletrônico
No e-commerce, no entanto, a situação parece ser outra. Segundo Bandeira, da ABComm, a previsão para o volume de vendas no Dia das Mães deste ano é de um crescimento de cerca de 8%. "As pessoas estão recorrendo às compras pela internet por enxergarem como uma opção mais barata. Em ano de recessão o consumidor está buscando economizar cada centavo, e nas compras on-line eles encontram isso", afirma o executivo.
O MercadoLivre já teve um crescimento de cerca de 70% em número de itens vendidos, mesmo sem o fim da campanha, garante Soares. Segundo ele, isso ocorre porque a cada ano o número de pessoas que buscam e compram produtos on-line aumenta. Para garantir esses resultados a empresa criou uma página especial com mais de 4 mil produtos com descontos de até 80%, com ofertas principalmente em moda, saúde e beleza.
Veículo: Jornal DCI