O presidente-executivo da Cooper e vice-presidente da Associação Catarinense de Supermercados (Acats) no Vale do Itajaí, Osnildo Maçaneiro, garante que todos os mercados da região sentem a mudança no comportamento do consumidor. Levantamento mostra que em função da crise econômica, o consumidor deixou de comprar a carne bovina e prefere a suína e a de frango.
— Obviamente há uma diferença gritante de preços. Hoje com a incerteza da economia e a expectativa da perda do emprego, as pessoas economizam e mudam as categorias de consumo. O cliente vai atrás da oferta e procura valores mais baratos — afirma Maçaneiro.
De acordo com dirigente, esse cenário não representa uma ameaça para a rede varejista. No entanto, há uma redução no faturamento, já que é necessário vender mais carne de frango e porco para compensar a venda de carne bovina.
O vice-presidente da Acats e diretor da Rede Top em Blumenau, Paulo Cesar Lopes, diz que a mudança no comportamento é comum em anos de recessão econômica. No entanto, é uma oportunidade importante para que as pessoas repensem o consumo e evitem o desperdício.
— Em um momento de crise as pessoas desperdiçam menos. Ao invés de prepararem um quilo de carne, preparam meio, por exemplo. A consciência em consumir menos também faz com que a indústria tenha que se moldar para esse momento — avalia.
Economista explica como aproveitar os bens substitutos
Os produtos que podem ser trocados na hora do consumo são conhecidos na economia como bens substitutos. Quando o consumidor faz as escolhas na prateleira, ele leva em consideração algumas variáveis como o preço, segundo o professor de Economia da Uniasselvi em Blumenau, Valdinho Pellin. De acordo com ele, um aumento significativo no preço da carne ou a perda do poder aquisitivo do consumidor podem promover essa mudança.
— Estamos em um país com uma crise de confiança muito grande. As pessoas não sabem o que vai acontecer amanhã, por isso tendem a escolher a forma mais racional de empregar a renda. Esse é um conceito típico da economia — explica.
O professor do curso de Economia da Furb, Jamis Antonio Piazza, garante que a partir do momento em que a economia brasileira melhorar, a tendência é de que os produtos sejam trocados novamente. No entanto, afirma que também pode acontecer um fenômeno inverso: se a maioria dos consumidores procurar a carne de frango, por exemplo, é natural que o produto falte e haja aumento no preço.
Troca é saudável, garante nutricionista
A nutricionista Helouse Odebrecht diz que não há perda nutricional na troca das fontes de proteína. No entanto, pondera que é preciso prestar a atenção para os hábitos alimentares como um todo, como o consumo regular de frutas e legumes.
— Não há prejuízo em nos movimentarmos conforme a economia. No entanto, o frango consome mais ração e antibióticos do que a carne bovina. Por isso há a possibilidade de ter maior quantidade de substâncias que podem ser tóxicas — alerta.
Sobre o consumo da carne suína, Helouse tranquiliza que a cisticercose — doença causada pela ingestão de carne suína contaminada — ficou no passado:
— Hoje temos cuidados maiores e a inspeção é bem rígida. A carne suína é uma excelente fonte de proteínas.
Veículo: Jornal de Santa Catarina