Para oferecer condições mais atrativas aos consumidores, as redes de supermercados do País entraram em uma verdadeira queda de braço com os fornecedores. Além das famosas promoções, embalagens econômicas e os 'leve mais e pague menos' viram pleito à indústria para garantir custo-benefício ao cliente.
A corrida por negócios melhores vai ao encontro da mudança no comportamento dos clientes brasileiros, que passaram a optar por embalagens de produtos que ofereçam mais custo-benefício. Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Sanzovo, a batalha por preços é comum, mas a recessão que o País vive estimula a busca por negócios melhores.
"Essas são brigas antigas e sempre aconteceram. Elas são saudáveis é até normal para o setor. No entanto, neste momento, elas ficaram mais intensas por uma necessidade que a economia nos impôs. Tanto o varejo quanto a indústria precisam vender neste momento. Então negociamos e acertamos o que é melhor para os dois", disse o executivo ao DCI.
O resultado da negociação, explica Sanzovo, são preços melhores e mais estímulo para as vendas, já que, de acordo com um levantamento realizado pelas consultorias Nielsen e Kantar Wolrdpanel, 75% dos consumidores brasileiros dão preferência a produtos em promoção nas gôndolas dos supermercados. "Neste período de intensificação das promoções, temos de contar com a participação da indústria. Ela tem se mostrado aberta e muitas vezes faz as suas ações. Os supermercados trabalham para repassar esse desconto ao consumidor final", afirma Sanzovo.
Pacotão
Outra movimento dentro do varejo que vem ganhando força desde o ano passado são as embalagens econômicas e os pacotes promocionais. Na categoria refrigerantes, por exemplo, as embalagens de três litros apresentaram crescimento de 1% nas vendas entre janeiro e dezembro de 2015, na comparação com o mesmo período de 2014, mostrou o estudo. Já os tamanhos tradicionais, de dois litros, registraram queda de 2%.
O mesmo aconteceu, segundo as consultorias, com as embalagens de maionese. Enquanto os pacotes econômicos tiveram suas vendas aquecidas em 1% no ano passado, as embalagens tradicionais recuaram 1%, utilizando a mesma base de comparação.
Outra percepção do apelo promocional foi observada nos pacotes "leve mais, pague menos". Segundo a pesquisa, esse tipo de promoção teve resposta 21% superior em 2015, na comparação com 2014.
Dentro da fábrica
Uma das empresas que têm se relacionado de forma mais próxima com o varejo é a Cêpera. A fabricante de molhos de tomate, condimentos e geleias tem trabalhado junto aos supermercados com promoções específicas, principalmente com produtos de maior saída, como catchups.
"Temos um bom relacionamento com os varejistas. Com os mais próximos, que acabam por oferecer uma gama maior dos nossos produtos, trabalhamos para que eles ofereçam descontos para os clientes, principalmente nesse momento de busca maior pelo custo benefício", conta o CEO da Cêpera, Décio Filho.
Segundo o executivo, a marca também trabalha suas embalagens de acordo com a necessidade dos consumidores, o que levou a empresa a oferecer nas gôndolas pacotes menores de produtos com apelo restrito junto ao cliente. Já os mais consumidos, têm opções "tamanho família".
"Um exemplo é o próprio molho de tomate. As famílias deixaram um pouco de consumir alimentos fora do lar por conta dos custos. Isso elevou as vendas desse produto, já que se passou a consumir mais alimentos dentro de casa, o que demandou pacotes maiores", afirma.
Outra marca que intensificou suas negociações com os supermercados e analisou os produtos com mais saída foi a Tirolez.
"Para fazer isso, tivemos que segregar algumas linhas de produtos. Nós oferecemos produtos também no atacarejo, então tomamos esse cuidado para que um não atingisse o outro. Em alguns supermercados, diminuímos a linha ofertada, mas aumentamos a agressividade das promoções", informou o diretor de vendas da Tirolez, Geraldo Manjella.
Veículo: Jornal DCI