O índice de consumo dos brasileiros em 2015 retrocedeu cinco anos. A retração foi impulsionada pela inflação, que alcançou 10,7%, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e pelo desemprego, que atingiu 9% no trimestre terminado em novembro. A piora dos indicadores se traduziu em perda do poder aquisitivo e teve como consequência cortes na lista de compras um novo padrão de escolha de produtos.
Os dados da empresa de pesquisa de mercado Kantar Worldpanel mostram que as famílias optaram por migrar para planos pós-pagos de telefonia celular com mensalidades mais baratas, e para os planos controle. Também cortaram refeições fora de casa, gastando 8% menos nesse quesito, e passaram a alimentar animais de estimação com comidas caseiras, diminuindo a importância das rações industrializadas. No entanto, outras despesas foram incorporadas ao orçamento: celular, internet e TV por assinatura, além de outros gastos domiciliares, como festas.
A técnica de enfermagem Rose Borges, 60 anos, diminuiu as compras mensais no supermercado e também procurou economizar na telefonia móvel. “Passei a selecionar mais os produtos e tive que mudar para um plano mais barato. Reduzi na qualidade para conseguir arcar com as despesas no fim do mês”, explicou.
Alternativas
“O padrão de compras do brasileiro mudou. Isso ocorreu devido ao aperto no que consideramos o trinômio de consumo — renda, emprego e inflação. Com a piora dessas variáveis, as compras empacaram e andamos para trás, voltando a 2010”, destacou a diretora comercial da Kantar Worldpanel, Christine Pereira. Ela observou que os consumidores estão racionalizando e planejando as compras, além de estarem mais exigentes na hora de escolher os produtos. Além disso, passaram a abastecer a dispensa com volumes maiores para não terem que voltar com frequência aos pontos de venda.
O professor de inglês Rafael Carneiro, 35 anos, está diminuindo o consumo de carnes e frutas, e busca mais alternativas para economizar. “Faço apenas uma compra grande no mês, com todos os itens, para não precisar ficar comprando de pouco em pouco”, explicou.
Veículo: Jornal Correio Braziliense - DF