Indicador de confiança da CDL-BH fechou março em 30,4 pontos, abaixo da linha dos 50 pontos.
O consumidor belo-horizontino está mais pessimista com a sua situação financeira e a do País e ainda menos esperançoso com o que o futuro guarda para a economia brasileira neste ano. A crise política nacional, o alto custo de vida e o elevado índice de desemprego explicam a descrença entre os moradores da capital mineira, que cresceu em 2016. De acordo com pesquisa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), o Indicador de Confiança do Consumidor fechou março em 30,4 pontos, abaixo da linha divisória dos 50 pontos, mostrando uma percepção de piora no quadro geral. No levantamento feito em outubro passado, o índice havia sido de 39,2 pontos e sinalizava mais otimismo.
O nível de confiança do consumidor é medido com base em outros dois indicadores: de Condições Gerais e de Expectativa. O índice de Condições Gerais não foi dos melhores e encerrou março em 18,8 pontos, bem abaixo dos 24,9 pontos da última pesquisa. A queda ocorreu principalmente em função do pessimismo registrado nas percepções dos belo-horizontinos quanto às finanças pessoais (25,3 pontos) e à situação econômica brasileira (12,3 pontos).
Para a maior parte dos consumidores da capital (76,5%), a condição financeira piorou nos últimos seis meses. Em outubro de 2015 esse percentual era de 52,7%. Entre o restante dos entrevistados, 19% afirmaram que não perceberam nenhuma alteração e 4,5% observaram alguma melhora na situação. Em relação à economia do País, a grande maioria dos belo-horizontinos (93,5%) avaliou que o cenário se agravou no mesmo intervalo, percentual superior aos 88,5% registrados na pesquisa anterior. Para 4,0% nada mudou e outros 2,5% perceberam uma evolução no quadro.
Na visão da economista da CDL-BH Ana Paula Bastos, o impasse gerado na política nacional tem tido impactos diretos na economia e, consequentemente, na confiança da população da capital. ?Estamos com um cenário político travado, que está contaminando a política econômica, e a população já não está confiando mais no desentrave dessa situação. Fatores como a inflação, o medo do desemprego e de não conseguir se recolocar no mercado de trabalho a curto prazo também têm contribuído para a queda de confiança da população?, analisa a especialista.
No que diz respeito ao Indicador de Expectativa, a perspectiva para os próximos seis meses também não é das melhores: 39,1 pontos, quase 11 pontos a menos do que o índice registrado no levantamento anterior (49,9 pontos). A retração foi influenciada pelo menor otimismo do consumidor em relação ao futuro das finanças pessoais (44,9 pontos) e da economia brasileira (33,2 pontos).
Do total de entrevistados, 47,5% disseram ter uma perspectiva pessimista sobre suas finanças pessoais para os próximos seis meses, 30,5% se mostraram otimistas e 22% acreditam que não haverá mudanças. Em outubro passado, os pessimistas representavam um universo de 22,2%. Para a economia do país, a expectativa da maior parte (64%) também é por um agravo na situação; 22% apostam em uma melhora e 14% confiam em uma manutenção do quadro atual.
Ana Paula Bastos avalia que uma solução do confuso cenário político brasileiro pode contribuir para uma melhoria na confiança do consumidor. ?Independentemente de mudança ou não no governo, o desentrave político do País já pode gerar uma alteração na percepção da confiança, porque, com ou sem impeachment, as pessoas, com um quadro definido, podem decidir melhor?.
Na avaliação por gênero, as mulheres (33,1 pontos) se mostram mais confiantes que os homens (27,4 pontos) quanto ao cenário econômico atual. Já na análise por faixa etária, os consumidores entre 18 e 24 anos são os mais pessimistas (29,8 pontos), seguidos pelos de 35 a 59 anos (30,0 pontos); 25 a 34 anos (30,5 pontos) e acima de 65 anos (31,6 pontos). O levantamento mostra ainda que, na comparação por nível de escolaridade, os consumidores que possuem pós-graduação são os menos otimistas frente à economia brasileira: 23,0 pontos.
A escala dos indicadores varia de zero a 100 pontos, tendo como referência a linha divisória dos 50 pontos. Quanto mais próximo de zero, maior o pessimismo, e quanto mais perto dos 100 pontos, mais otimismo sinaliza o indicador.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG