As fabricantes de produtos de higiene e beleza esperam uma melhora da demanda no segundo semestre, na medida em que o brasileiro vai retomando o otimismo.
"Voltamos a ficar otimistas com as perspectivas relacionadas ao futuro e isso também acontece com quem compra. Um consumidor otimista consome, em média, 20% mais", afirmou o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), João Carlos Basilio, em evento na última sexta-feira (13).
Segundo ele, a expectativa de melhora na confiança do brasileiro, a partir do segundo semestre deste ano, está relacionada com a mudança no governo. "É isso que nós esperamos que aconteça."
Basilio acredita que com o governo sob comando interino de Michel Temer - após o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República - o País pode iniciar uma recuperação econômica. "É o que todo mundo espera", disse, destacando, porém, que o "[governo] ideal deve buscar melhorias pelo crescimento de mercado, não aumento de impostos". "Nossa carga tributária já é alta e não temos expectativa de que aumente ainda mais, porque ficaria insustentável", afirmou.
A forte perda de poder de compra, devido a queda na renda, ao aumento da inflação e do desemprego, tem provocado uma mudança nos hábitos dos consumidores que já vem sendo percebido pela indústria, conta a gerente de projetos da Factor Kline na América do Sul, Elaine Gerchon. Segundo ela, os consumidores têm trocado de marca em busca de melhores preços. "As pessoas estão trocando, por exemplo, o desodorante roll-on de uma marca um pouco mais cara pelo aerossol de um fabricante mais popular. É uma tentativa das pessoas para equalizar os gastos", explica ela.
Uma das companhias que pode ser beneficiada por esse movimento é a Unilever, que ano passado inaugurou uma nova unidade em Aguaí (SP) para produzir itens de higiene.
A unidade foi inaugura em um momento delicado para o setor, em geral. De acordo com levantamento realizado pela Abihpec, as vendas de produtos de higiene e beleza tiveram um recuo de 6% em 2015 na comparação com um ano antes. Segundo a entidade, a queda foi a primeira registrada pelo segmento em 23 anos.
A retração foi atribuída, principalmente, ao aumento da carga tributária, fator que continuou pressionando as vendas do setor em 2016.
Veículo: Jornal DCI