Em época de crise e de pouco dinheiro no bolso, vale a máxima de se pesquisar mais para economizar e fazer a quantia render até o final do mês. Mas, a mudança de hábito de alguns consumidores tem sido tão radical a ponto de, até mesmo, trocar marcas mais conhecidas por aquelas menos tradicionais, seja na parte de alimentação, quanto na parte de limpeza.
É uma espécie de “dieta do bolso”, que pode render uma economia de 30% no final da compra, segundo alguns consumidores. “Normalmente eu faço isso com o arroz, sabão em pó e com alguns frios. Só feijão que não abro mão”, disse a atendente Adeilda Bonfim. Mas, para não sentir na pele o ditado “o barato que sai caro”, ela diz ficar atenta a questões que vão além do preço. “Observo a qualidade, principalmente no caso do arroz”, salientou.
Para conferir essa diferença, a reportagem da Tribuna da Bahia percorreu alguns supermercados da capital baiana. No Extra, que fica na Vasco da Gama, por exemplo, o quilo do arroz da marca Tio João estava custando R$ 2,79, enquanto o da marca Charrua tinha o valor de R$ 2,19. Uma diferença de 22%. No mesmo estabelecimento, o quilo do feijão da marca Peg Pag estava 38% mais barato que o grão da marca Tio Neco.
Já o óleo de milho Mazola (1 litro) tinha o valor de R$ 11,75. Enquanto isso, com R$ 6,35, o consumidor pode comprar o mesmo item, mas da Qualitá. Por outro lado, o macarrão da marca Pelaggio custava extamente R$ 1 a mais do que o da marca Dular (R$ 2,79 contra R$ 1,79). Outra diferença foi registrada entre as marcas de azeite (500 ml) Serrata (R$ 16,25) e Gallo (R$ 20,99). No molho de tomate (340g), enquanto o item da marca Quero tinha o valor de R$ 1,69, o produto da Primor estava quase 40% mais caro.
Ainda na parte de alimentação, o creme de leite (200 g) da marca CCGL tinha o valor de R$ 1,89. Já o mesmo item da marca Regina estava R$ 0,60 mais caro. Por outro lado, o 1 litro de leite da marca Clipe custava R$ 3,39. Quase 10% mais barato do que o leite Britânia (R$ 3,69). Além disso, o quilo da coxa de frango Mauricéa estava custando R$ 9,99, contra R$ 13,79 da Qualitá. Já a sobrecoxa da marca Sadia estava a R$ 10,39. Por 18% a menos, o consumidor comprava o mesmo produto, mas da empresa Natto.
Na parte de higiene e limpeza, o papel higiênico Personal (com 16 unidades) tinha o valor de R$ 21,79 no GBarbosa, contra R$ 19,75 da Blanc e R$ 18,99 da Alpine. Com relação ao sabão em pó, enquanto o produto da marca Omo custava R$ 10,90, o da marca Ala tinha o valor de R$ 6,05. A mesma diferença foi verificada no desinfetante das marcas Bombril e Sanol (R$ 6,45 contra R$ 4,99), assim como no amaciante das marcas Fofo e Oriental (R$ 8,65 contra R$ 5,45).
Um dos que leva à risca o fator preço em detrimento da marca famosa é o vendedor Joviniano Oliveira. Ao lado da esposa, ele é quem faz questão de conferir, item por item, qual o que está mais barato antes de colocar no carrinho e passar pelo caixa. “É tudo na ponta do lápis. Sempre pensei dessa forma. O negócio é encher o carrinho e fazer economia. Se fosse comprar as mesmas coisas, mas pensando na marca, acho que gastaria cerca de R$ 100 a mais”, relatou.
Apesar do casal também levar em conta a opinião de amigos na hora de comprar um produto mais barato, vale também aquele ditado “o barato que sai caro”. Ou seja, nem tudo que está mais em conta em relação ao concorrente significa qualidade semelhante. “Uma vez comprei um azeite doce que não valeu a pena. Hoje ele está guardado no armário, de enfeite”, falou a atendente Adeílda Bonfim. “Eu não lembro exatamente o que foi, mas também já me arrependi. Mesmo assim, ainda continuo levando a sério, afinal, essa mudança me trouxe uma economia de até 30%”, salientou a assistente social, Ana Brito.
Veículo: Jornal Tribuna da Bahia