Segundo a Abic, a iniciativa vai favorecer ainda mais o segmento, que faturou 40% a mais em 2015.
A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) vai certificar os cafés em cápsulas comercializados no País. O objetivo do novo projeto, que tem adesão voluntária, é orientar as indústrias que queiram investir nessa modalidade cujo faturamento em 2015, frente a 2014, foi 40% superior. Além de certificar a qualidade do café presente nas cápsulas, a avaliação em laboratórios credenciados também permitirá a caracterização sensorial e física do produto.
De acordo com o diretor executivo da Abic, Nathan Herszkowicz, a metodologia de análise já está disponível e as indústrias interessadas podem buscar informações junto à entidade. Além de analisar as amostras, parte do volume enviado para os testes será armazenada para servir de referência nas futuras avaliações de lotes da mesma empresa, o que é considerado essencial para a padronização dos cafés presentes nas cápsulas.
“A Abic tem vários laboratórios especializados na avaliação de qualidade do café, são unidades credenciadas do Programa de Qualidade do Café (PQC) e do Selo de Qualidade, e os técnicos destas unidades trabalharam durante um ano para desenvolver uma metodologia de prova e avaliação de qualidade das cápsulas. A avaliação feita evidencia características sensoriais e físicas do café. Com isso, as indústrias terão condições de assegurar aos consumidores que a bebida é de qualidade”, explicou.
Ainda segundo Herszkowicz, a análise sensorial avalia o sabor, o aroma, o sabor residual, amargor, acidez e, principalmente, as características do crema, que conforme a densidade mostra se o café foi bem produzido ou não. Na avaliação física serão analisadas o volume de pó de café presente nas cápsulas, o grau de moagem e os tipos de torra. Com todos os dados apurados, é possível identificar imperfeições e corrigi-las.
“Como o método é totalmente novo, as indústrias de café, tanto de pequeno como de médio porte, precisam de apoio técnico para produzir o café em cápsula e serão favorecidas com a certificação. Hoje são cerca de 90 empresas que produzem com tecnologia própria ou terceirizada, concentradas principalmente nas regiões Sudeste e Sul do País. As líderes do segmento são a Três Corações, a Nespresso e a Dolce Gusto”, explicou Herszkowicz.
O projeto de certificação foi estimulado pelo crescimento significativo registrado no setor nos últimos anos e as boas perspectivas em relação ao mercado futuro. O café em cápsulas foi introduzido no mercado nacional há apenas nove anos e a demanda cresce acima dos níveis de consumo dos cafés tradicionais.
Tendência - Segundo os dados divulgados pela Abic, o faturamento estimado para o setor de cápsulas alcançou R$ 1,4 bilhão em 2015, ante R$ 1 bilhão em 2014, alta de 40%. A expectativa é alcançar, em 2019, R$ 2,96 bilhões. O levantamento mostrou também que o consumo atual de café em cápsulas no País é crescente. Em 2014 foram 6 mil toneladas e em 2015 cerca de 8 mil toneladas, alta de 33,3%. Para 2019, a projeção é de um consumo de 16 mil toneladas. Nos últimos três anos, o consumo de café tradicional cresceu 1% ao ano.
“É certo que o segmento ainda é o menor dentro das categorias de consumo de café, mas são grandes as expectativas de crescimento. Em 2015, as cápsulas representavam, em volume, 0,6% do consumo total de café, que é de 20 milhões de sacas ao ano. Até 2019 a expectativa é de que o segmento dobre do tamanho. Estes resultados mostram a aceitação do produto”.
Dentre os fatores que vão estimular os investimentos das indústrias na categoria das monodoses estão o maior valor agregado e a possibilidade de ampliar o consumo de café.
“O processo de crescimento das cápsulas é contínuo e representa uma oportunidade importante para o aumento do consumo de produtos com qualidade superior aos cafés em geral e para a agregação de valor para as indústrias. O valor de 1 quilo de cápsulas é muito superior ao do café torrado e moído. Além disso, o segmento também movimenta o mercado das máquinas. Quando se tem uma rentabilidade maior, ocorre o reinvestimento em produtos diferenciados, criando oportunidades de ampliar o mercado”.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG