A safra de grãos estimada para o período 2015/2016 está em 210 milhões de toneladas. Isso por conta da quebra nos estados do Matopiba, prejudicados pela seca com o fenômeno climático El Niño.
As perdas no Maranhão, Tocantins, Bahia, e, principalmente, no Piauí, variam de 45% a 50%. A pesquisa é da Expedição Safra, projeto de iniciativa do Agronegócio da Gazeta do Povo, que percorreu 16 estados brasileiros para fazer o levantamento.
"O El Niño se configurou em sua plenitude e foi bastante agressivo nas duas pontas: tanto do lado que faltou chuva, como do lado que sobrou chuva", afirmou o gerente do Núcleo de Agronegócio Gazeta do Povo e coordenador da Expedição Safra, Giovani Ferreira.
Outro fator que fez com que a produção total fosse revisada para baixo foi a colheita do milho 2ª safra no Mato Grosso e no Paraná. Ambos estados sofreram com problema de clima, com falta e excesso de chuvas.
O número total da produção em 2015/2016 ainda pode ser revisto, já que faltam cerca de 30 dias para terminar a colheita no centro-norte. A avaliação da Expedição da Safra diz que, se isso ocorrer, a produção total para o ciclo será de 208 milhões de toneladas. Para 2016/2017, a avaliação é de 215 milhões de toneladas.
Milho
Pressionados pela oferta apertada de milho no mercado, resultado do aumento da exportação, os produtores de brasileiros de aves e suínos têm importado a commodity de Paraguai e Argentina.
Essa estratégia será mantida para a próxima safra, já que a produção está avaliada em 81 milhões de toneladas, volume insuficiente com a alta demanda no mercado interno (55 milhões de toneladas) e a exportação (30 milhões de toneladas), somando 85 milhões de toneladas.
Por outro lado, a produção de soja atingiu 98,4 milhões na safra atual, aumento de 2,9% sobre o período 2014/2015. No entanto, a cultura pode ser afetada pela crise econômica com a falta de crédito para o setor.
A previsão é que em 16/17 o custo de produção chegue a R$ 56 por saca e o preço de venda em R$ 63 por saca, resultando em uma margem de R$ 7.
"O piso do planejamento para o Plano Safra atual, que é 8,5%, era o teto do financiamento há dois. O custo desse crédito, mesmo público, está mais alto. Na iniciativa privada vai estar muito mais elevado porque acompanha a alta expressiva da taxa [básica] de juros [Selic] nos últimos dois anos. Essa é a grande dificuldade para esta safra", afirmou o diretor de inteligência de mercado da consultoria INTL FCStone, Thadeu Silva.
Logística
O coordenador da Expedição Safra destaca dois pontos no bom desempenho do agronegócio em países da América do Sul e do Norte: o investimento em tecnologia e logística.
Isso porque a checagem de dados percorre as regiões produtoras nos Estados Unidos, Paraguai, Argentina e Uruguai.
"Nós estamos avançando em tecnologia, com mais incrementos no campo. Mas, no aspecto da infraestrutura logística, estamos muito longe dos Estados Unidos, que é o grande concorrente", observa.
Neste sentido, o Arco-Norte - região de Rondônia, Amazonas, Amapá, Pará e o Maranhão - é a grande esperança nacional no longo prazo.
Com investimentos avaliados em R$ 2 bilhões, a estimativa é que em 2025 o escoamento da safra chegue a 38 milhões de toneladas - mais do que o dobro das atuais 16,8 milhões de toneladas por ano.
Veículo: Jornal DCI