A categoria de não medicamentos é a que tem apresentado o maior crescimento nas vendas dentro das farmácias e drogarias, puxando para cima a receita do setor. A margem de lucro maior, em comparação com os medicamentos, é um dos atrativos de vender esses itens, e estimula o investimento das lojas no segmento.
Segundo dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) referentes ao primeiro quadrimestre, de 2011 até 2016 o crescimento acumulado do faturamento desse grupo - que engloba principalmente artigos de perfumaria e higiene pessoal - foi de 132,61%. À título de comparação, nesse mesmo período os medicamentos tiveram alta acumulada de 92,15%.
"Os não medicamentos já representam quase 35% da receita total do setor, o que mostra que o consumidor cada vez mais quer conveniência, buscando em um mesmo lugar um mix amplo de produtos", diz o presidente executivo da Abrafarma, Sergio Mena Barreto.
A importância da categoria é visível no balanço do primeiro trimestre deste ano de três grandes redes de farmácias: Raia Drogasil, Pague Menos e BR Pharma. Em todas elas, o grupo de não medicamentos foi o que apresentou o maior crescimento no período. Na Raia Drogasil, maior rede do País com 1.274 lojas, esses itens já representam 28,6% do faturamento total da empresa. De janeiro a março, o crescimento foi de 27,3%. Na Pague Menos, que possui 849 unidades, a categoria já representa 31,4% e o acréscimo nesse período foi de 28,9%, valor consideravelmente maior do que o registrado nas demais categorias.
O forte crescimento na venda desses artigos nos últimos anos é creditado pelo presidente da Pague Menos, Francisco Deusmar de Queirós, à ascensão da classe D e E. De acordo com ele, a melhoria das condições sociais de uma camada significativa da população brasileira, a partir de 2002, gerou um aumento na procura por produtos desse tipo, o que influenciou o crescimento da venda nas farmácias.
A estrutura e o preparo cada vez maior das drogarias é outra explicação para esse aumento. "O consumidor encontra em nossas lojas um sortimento grande de produtos de higiene e beleza, preços competitivos e conveniência", diz o vice-presidente de relações institucionais da Raia Drogasil, Antonio Carlos de Freitas. Segundo ele, isso faz com que o cliente não enxergue mais a farmácia como um espaço que vende apenas medicamentos, mas que oferece também bem-estar.
Para o dono da farmácia Maxifarma, no Paraná, Edenir Zandona, esse crescimento se deve a uma mudança no hábito dos consumidores, que migraram a compra desses artigos dos supermercados para as farmácias. "Isso começou há cerca de 5 anos. As drogarias passaram a conseguir negociações melhores nesses produtos, e os preços acessíveis atraíram os clientes", diz.
Margem maior
Um aspecto apontado pelas farmácias ouvidas pelo DCI, e que torna a venda de não medicamentos muito atrativa para os empresários do setor, é que a margem de lucro na comercialização desses produtos é maior do que na venda de medicamentos. "A margem é consideravelmente superior. O preço dos medicamentos é tabelado, e, por isso, você não consegue trabalhar muito a margem", diz a gerente técnica da Rede Bem, Rosicler Simão.
Para Deusmar, da Pague Menos, esse fato faz com que seja importante aumentar ainda mais a participação desses artigos na receita da rede. Com isso em mente, o empresário espera que em dois anos a participação da categoria suba 3,6 pontos percentuais, para 35%.
"Estamos com um trabalho forte de gerenciamento de categorias, analisando quais produtos oferecer e quais tirar das gôndolas, em cada região que atuamos", afirma. "Outra ação deve ser aumentar a área para os não medicamentos, já que isso é uma tendência do setor".
A Rede Bem também afirma que tem trabalhado para aumentar a participação dos não medicamentos. Atualmente, a categoria já representa 40% do faturamento total da rede, e a expectativa é que em 5 anos esse valor suba para 45%.
"Desde o ano passado decidimos oferecer um mix maior de produtos. Investimos forte em dermocosméticos. Aumentamos tanto a oferta de itens, quanto a quantidade de marcas nas prateleiras", diz Rosicler. A Maxifarma foi radical nesse movimento e diz ter aumentado em cerca de 60% o mix de produtos ofertados, também visando uma expansão na fatia dessa categoria.
Na loja, os não medicamentos são responsáveis por cerca de 30% das vendas totais. "Há 4 anos esses produtos representavam apenas 10%. Foi um crescimento muito grande", diz Zandona. Segundo a proprietária da unidade, se a expansão continuar nesse mesmo ritmo, dentro de 5 anos a fatia deve chegar perto do 50%.
Veículo: Jornal DCI