A indústria nacional de conversores digitais, dispositivos que transformam o sinal analógico dos televisores convencionais para o sinal de alta definição (HDTV), vista como um dos principais motores para a disseminação e popularização da televisão digital no País, está passando por momentos de dificuldade: as demandas de produção ficaram abaixo das expectativas para o trimestre.
Enquanto isso, as indústrias de aparelhos de televisão estão otimistas diante do crescimento constante das vendas de televisores de tela de plasma e de LCD (com conversor embutido), assim como as emissoras de televisão, que estão ampliando rapidamente a extensão do sinal digital.
A Proview, fabricante de conversores situada na Zona Franca de Manaus, estava preparada para atender uma demanda de 100 mil dispositivos por mês, mas está produzindo cerca de 25 mil. Giovani Nóbrega, diretor da área de conversores da companhia, explica que a demanda de produção está bem abaixo do esperado. "Nossas expectativas de produção não foram atendidas", disse o executivo. Nóbrega afirma que a baixa demanda é decorrente da pouca oferta de conteúdo e das poucas cidades, principalmente do interior do País, que já disponibilizam o sinal digital. "O governo alega que o processo está adiantado, mas nós entendemos que está atrasado. As autoridades precisam se esforçar mais" disse.
A Comsat, empresa de tecnologia que iniciou a produção de conversores, fabricou e vendeu cerca de 2 mil dispositivos no ano passado, mas, por falta de incentivos, acabou paralisando a fabricação dos produtos. Jackson Sosa, presidente da Comsat, explica que, mesmo com o cronograma de implantação da tecnologia digital avançado, apenas um pequeno percentual dos conteúdos é transmitido digitalmente, o que não estimula o consumidor final a comprar um conversor para conectar à sua televisão de sinal analógico. "A pessoa não vai comprar um conversor para assistir TV do mesmo jeito que ela assistia antes, ainda mais no período de crise que estamos vivendo", argumentou o executivo.
Sosa explica também que a lentidão na aceitação da tecnologia se deve à falta de incentivos, por parte do governo, de diminuir a tributação na produção dos conversores, o que impactaria diretamente no poder de compra do consumidor. "No início do ano passado, acreditamos que haveria um incentivo do governo para a produção de 16 milhões de unidades de conversores no País, e isso não aconteceu", disse o executivo, argumentando que nunca existiu um planejamento concreto do Governo, que permitisse um mapeamento de venda de conversores às fabricantes. "Diante dessa indefinição, as maiores fabricantes desestimularam-se e pararam de produzir" diz. Procurada pela reportagem, a Positivo Informática, que integra o grupo das maiores fabricantes de conversores do País, preferiu não se manifestar a respeito.
Televisões e programas
Diferentemente da indústria de conversores digitais, fabricantes de televisores estão cada vez mais otimistas com as vendas de televisores com tela de plasma e de LCD, que já vêm com conversor embutido. Fernanda Summa, gerente da área de TVs da LG, que tem 35% do mercado de televisores de tela fina, explica que a companhia continua a investir em TVs de tubo com tela fina e conversor integrado, a preço mais acessível. "Nosso plano é ampliar a participação do nosso mix de TVs com conversor. Vamos lançar mais de 20 modelos e aumentar as vendas", disse. Do total de vendas de televisores LG estimadas para este ano, a meta da empresa é que 40% sejam de tela fina, percentual que em 2008 foi 25%.
Frederico Nogueira, presidente do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD) e vice-presidente da rede Bandeirantes, também aposta na eficiência da implantação do sistema de TV digital no País e afirma que a Bandeirantes investiu cerca de R$ 50 milhões na digitalização de seu conteúdo, que a partir de abril, será 100% digital. "Não podemos dizer que não teve sucesso. São 15 as cidades com sinal disponível", disse.
De acordo com o Nogueira, Globo, SBT e Record terão 60% de seu conteúdo apresentado em alta definição a partir do segundo semestre. A interatividade, que também estará disponível ao telespectador ainda este ano, dependerá da aquisição do software brasileiro Ginga, que ainda não é compatível com os conversores disponíveis.
A indústria nacional de conversores digitais está passando por dificuldades com a baixa demanda. Já as de aparelhos de televisão estão otimistas diante do crescimento das vendas de TVs com conversor embutido.
Veículo: DCI