Menor taxa de ruptura de estoque, somada a operações com estruturas maiores e ampla oferta de produtos e marcas, garantiu a expansão; entre as independentes, o cenário não é tão promissor
São Paulo - As grandes redes de drogarias surfam na crise, e mostram a resiliência do setor. No primeiro semestre deste ano as 28 maiores do ramo tiveram crescimento nominal de 12,6% no faturamento. Considerando os efeitos da inflação, essa alta chega à casa dos 4% - valor ainda expressivo diante do atual cenário recessivo.
Os dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), antecipados com exclusividade pelo DCI, mostram um crescimento principalmente nas categorias de genéricos e não medicamentos, que avançaram 12,86% e 11,95%, respectivamente, diante de uma alta de 9,05% dos medicamentos (em termos nominais). Apesar dessa expansão no faturamento, em relação ao número de unidades vendidas, o acréscimo foi um pouco mais tímido, de 2,93%, sendo comercializados 1,08 bilhão de produtos no período. "A alta do faturamento foi puxada pelo aumento dos preços, e também porque vendemos em mais quantidade itens com valor maior", revelou o presidente executivo da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto.
Sobre a expansão mais forte dos genéricos, o executivo aponta que essa sempre foi uma aposta da entidade. "Temos essa política de trabalhar preferencialmente com genéricos, tanto que, em unidades vendidas, eles já representam 24% do total", diz, completando que, em se tratando do faturamento, a representatividade da categoria cai para 17%.
Nem tão bom para todos
Essa expansão forte das redes associadas à Abrafarma, no entanto, não representa a realidade de todo o setor. "O que está acontecendo é um crescimento puxado pelas grandes redes. As independentes não têm crescido tanto quanto nós."
O executivo credita essa alta expressiva das grandes companhias a dois fatores: primeiro o fato de elas possuírem sistemas de distribuição próprios - o que garante que não haja ruptura de estoque. "Neste setor, não ter ruptura é fundamental. Se um consumidor vai a uma farmácia com uma lista de cinco produtos, e não encontra um dos itens, ele vai procurar uma outra loja."
Ele explica ainda que a taxa de ruptura nas grandes redes é de aproximadamente 12%, enquanto nas farmácias pequenas chega a 50%. Em outras palavras, a cada dez produtos, nas grandes redes falta um, enquanto nas pequenas chega a faltar cinco itens.
Além disso, o segundo aspecto que contribui para esse forte crescimento das grandes é a estrutura das lojas. "Ganhamos das redes independentes também pelo tamanho das unidades. O nível de serviço é muito maior, em termos de opções de marcas e mix de produtos", completa.
As maiores
Para garantir esse mix amplo sem ruptura, investir em sistemas de distribuição próprio é fundamental. Exemplo disso, a Raia Drogasil - maior rede do País com 1.330 unidades - inaugurou recentemente seu nono centro de distribuição (CD). "A inauguração desse novo CD em Pernambuco remove um gargalo de expansão muito importante. Com um CD local conseguimos uma melhoria significativa do nível de serviço, e isso se reflete nas vendas", disse em teleconferência o diretor de relações com investidores, Eugênio De Zagottis.
A empresa viu no segundo trimestre deste ano alta de 44,6% no lucro líquido, na comparação interanual, registrando ganho de R$ 157,8 milhões. A receita líquida avançou 25% no mesmo período. "Tivemos uma elevação também da margem bruta, que subiu 1,3 ponto percentual, alavancada muito pelo aumento dos preços de 12%", ressaltou.
Segundo ele, esse foi o melhor resultado trimestral da história da Raia Drogasil. Prova do otimismo da companhia foi a ampliação do guidance para as aberturas de lojas no ano, que passou de 165 unidades para 200. A previsão para 2017 também foi revista, passando de 195 lojas, para 200 novas operações no País.
A Pague Menos, terceira maior do Brasil, também apresentou crescimento nas vendas no primeiro semestre deste ano, que avançaram em cerca de 22%, na comparação com o mesmo período do ano passado e segundo informou a empresa. Além disso, foram inauguradas nesse período 69 novas unidades, o que levou a companhia a quase 900 lojas. Até 2017, a previsão é chegar a mil pontos de venda.
Veículo: DCI