Depois de atingir sua marca história em julho, o preço de referência do leite deve cair no Rio Grande do Sul. Dados divulgados ontem pelo Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado (Conseleite) indicam que o valor projetado para agosto é de R$ 1,2391 por litro, 6,15% abaixo do consolidado de julho que ficou em R$ 1,3203. O preço fechado em julho superou em 0,25% sua projeção, que era de R$ 1,3170, elevando ainda mais a marca recorde do Conseleite. Apesar da queda, o valor de agosto ainda está acima dos picos anteriores registrados pelo Conselho nos anos de 2007 (R$ 1,1331), 2009 (R$ 1,1650) e 2013 (R$ 1,1565), corrigidos pelo IPCA.
Ao analisar o mix de produtos que compõe o valor de referência, o professor da Universidade de Passo Fundo (UPF) Marco Antônio Montoya cita a queda expressiva do leite UHT (-11,84%), acompanhada de outros itens como o requeijão (-4,36%). Segundo ele, a tendência é de redução no País, uma vez que os Conseleites do Paraná e Santa Catarina também sinalizaram queda em agosto.
Presidindo a reunião, o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat), Alexandre Guerra, pontuou que a inversão de cenário sinaliza para a retomada da produção dos tambos gaúchos e um menor impacto da entressafra que, neste ano, foi bem mais longa do que em anos anteriores. Além disso, pontuou que o valor pago ao produtor nos últimos meses acompanhou a curva de alta de custos. Guerra explicou que o valor de referência é formado pela evolução de diversos itens e, desta forma, a quantia paga por cada um tem sua própria variação. "Quando nos perguntam sobre o repasse do valor ao produtor, é preciso pensar de qual produto estamos falando", pontuou.
No encontro, os representantes das entidades que compõem o Conseleite decidiram emitir um manifesto com repúdio ao acesso de produtos lácteos importados ao mercado nacional. Além dos itens vindos dos países do Mercosul, o Rio Grande do Sul ainda enfrenta forte concorrência de leite vindo de outros estados do País e que concorrem pelo mercado local com vantagens competitivas.
A ideia do Conseleite é que o tema seja amplamente debatido durante a Expointer e que o documento seja entregue ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi, durante a feira. O manifesto ainda será levado ao Ministério das Relações Exteriores e à presidência da República. Deputados e senadores também serão chamados a ouvir os pleitos do setor lácteo.
Segundo o presidente do Sindilat, é preciso que o governo veja os danos que o atual volume de aquisições tem provocado à cadeia produtiva do leite no Sul do Brasil. "Precisamos de uma atitude. Não podemos esperar de braços cruzados vendo o produto de fora tomar conta do mercado das indústrias que operam em solo gaúcho", frisou Alexandre Guerra.
Fonte: Jornal do Comércio de Porto Alegre