Volume de vendas deve continuar crescendo graças ao avanço do PIB do país sul-americano, com possíveis ganhos para embarques brasileiros de insumos, bens de consumo durável e não durável
São Paulo - O volume de exportações para a Bolívia cresceu 16% neste ano, chegando a 739 milhões de quilos. O avanço favorece principalmente os produtores de industrializados, responsáveis por 96% dos embarques brasileiros para o vizinho sul-americano.
Segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), as mercadorias mais vendidas entre janeiro e julho de 2016 foram barras de ferro (US$ 90 milhões), betume de petróleo (US$ 17 milhões), polietilenos (US$ 14 milhões), condutores elétricos (US$ 14 milhões) e escavadoras (US$ 12 milhões).
"A nossa pauta de exportações para a Bolívia está entre as mais diversificadas", afirmou Carlos Alberto Cinquetti, professor de economia da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
De acordo com levantamento realizado pelo especialista, em 2014, os bolivianos apareciam na quarta posição entre os países que importam maior quantidade de produtos do Brasil.
Naquele ano, a Bolívia teria comprado 548 bens diferentes, enquanto a China, principal parceira comercial dos brasileiros, teria importado 430 itens distintos.
Para Cinquetti, a tendência é que as negociações entre os dois países ganhem força nos próximos anos. "A situação econômica boliviana favorece uma ampliação das compras do Brasil", disse ele.
Na última década, a Bolívia despontou com um dos maiores crescimentos do Produto Interno Bruto (PIB) entre as nações latino-americanas. E as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam uma manutenção dessa trajetória, com avanços de 3,8%, neste ano, e de 3,5% no ano que vem.
Essa expansão econômica deve ser positiva para os exportadores brasileiros de bens de consumo duráveis e não duráveis, afirmou André Mitidieri, economista da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).
"Devem ser favorecidas as vendas de carros, ônibus e caminhões, mas também aquelas de alimentos", disse. O especialista também apostou nas exportações de insumos, como laminados de aço.
Para que os embarques aumentem, entretanto, Cinquetti ressaltou que é necessária uma melhora do sistema de transporte na América Latina, o que beneficiaria também as trocas com outros países.
"Já temos a vantagem geográfica, mas, para aproveitá-la melhor, é importante que a infraestrutura avance na região. Além de ser bom para comércio, isso também favoreceria o turismo entre os países", diz.
Valor em queda
Ainda que a quantidade de vendas tenha crescido, a receita proveniente dos embarques recuou 2% em sete meses de 2016 ante igual período de 2015, para US$ 823 milhões.
"Como a demanda internacional recuou neste ano, o preço da maioria dos produtos caiu", justificou Mitidieri. Ele também destacou a desvalorização do real, no início de 2016, "que ampliou a margem para a diminuição dos preços".
Fonte: DCI