Neste ano, mercado de televisores deve retornar ao patamar de 2004

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Apesar da aposta de fabricantes na tecnologia Ultra HD, empresas ainda sofrerão efeitos da retração econômica em 2017. Modelos intermediários devem obter melhor desempenho


São Paulo - Apesar dos esforços da indústria, a venda de televisores no Brasil deve chegar a 7,5 milhões de unidades até o final do ano, retornando ao patamar de 2004. E mesmo com o desligamento do sinal analógico, a crise econômica deve favorecer modelos mais acessíveis.
De acordo com o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula, os últimos meses do ano serão decisivos para a indústria, mas não devem salvar a produção. Mesmo com a proximidade da Black Friday e do Natal, o cenário é preocupante.

"Infelizmente, a falta de emprego e disponibilidade de crédito ainda afetam parte da população brasileira. É natural que a retração do consumo permaneça", lamenta o dirigente.
Segundo dados da Eletros, a previsão de vendas neste ano é comparável aos níveis de 2004, quando o mercado chegou a 8,7 milhões de unidades. Em 2003, o volume comercializado no Brasil alcançou 5,5 milhões de unidades.
Na opinião de Kiçula, tempos melhores para as fabricantes de TVs virão apenas a partir do segundo semestre do ano que vem.

O presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, também não enxerga um cenário otimista para a indústria nacional.
"Ainda não vejo ânimo dos brasileiros para consumir bens duráveis, pois não são itens de primeira necessidade. Apenas com uma recuperação econômica mais concreta veremos melhora", opina em entrevista ao DCI.
Périco acrescenta que o ano de 2017 ainda deve ser difícil para o setor. "Se todas as promessas do governo federal forem cumpridas, pode até ser que tenhamos uma situação um pouco melhor daqui um ano, mas há apreensão."

Para o diretor de vendas de TV da LG, Roberto Barbosa, o próximo ano ainda será difícil. "Prevejo vendas em torno de 8,5 milhões para o mercado como um todo, que ainda seria abaixo do registrado em 2015. Mas não há jeito, a recuperação será lenta", diz.
A gerente responsável pela área de linha marrom da consultoria GfK, Gisela Pougy, também prevê a manutenção da queda para o ano que vem. "Não será uma retração como vimos neste ano, mas ainda assim o mercado cairá e isso deve ser sentido com mais força no faturamento das empresas".
De acordo com a especialista, isso acontecerá pelas reduções do preço médio dos itens dessa categoria.

Desligamento
Gisela aponta que o aumento da demanda por modelos intermediários pode resultar na queda de preços desses itens. Com o desligamento do sinal analógico nas principais cidades do Brasil a partir do próximo dia 26, quando ocorrerá o corte da frequência na capital federal, o mercado deverá sofrer alguma movimentação, espera Périco.
Ele destaca os aparelhos intermediários com polegadas entre 35' e 46', e aqueles com menos funcionalidades, como os responsáveis pelo volume do setor em 2017.

"A obrigação da troca da TV deve aumentar a venda de itens mais básicos, causando queda no preço. O público que precisará fazer essa compra não irá buscar televisões cheias de usabilidade."
Na avaliação de Kiçula, a indústria deve aproveitar o momento. "Mesmo quem adquirir tamanhos intermediários deseja algo mais sofisticado, na medida do possível. Pode ser uma boa oportunidade de negócios", analisa.
Responsável pela fabricação de televisores das marcas Philips e AOC no Brasil, a TPV deve aproveitar este momento para impulsionar suas receitas, avalia o gerente de produto da área de TVs da empresa, Antônio Bernardes. "A fatia de produtos de entrada, com tela fina e boa resolução, ainda tem grande apelo. Com o desligamento do sinal analógico, esse será o primeiro televisor que o consumidor buscará", afirma.

Para ele, a demanda dos próximos meses não virá dos produtos de mais alta tecnologia. "Não acredito nisso. Penso que 2017 não será um ano de retomada forte para o setor. A melhora será gradual."
De olho nessa oportunidade, a LG busca desenvolver produtos que se adequem ao momento econômico vivido pelo País e à necessidade de troca das televisões mais antigas pelos modelos digitais.

"Já fizemos testes durante os primeiros desligamentos, em cidades menores como Rio Verde, em Goiás. O corte nas capitais pode gerar uma boa oportunidade de negócios para nós", afirma Barbosa, apostando na realização do processo em São Paulo e Rio de Janeiro até o fim de 2017.

Fonte: DCI 


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