Para instituto, trabalho temporário no campo evita perda de mão de obra.
Valorização das frutas brasileiras no exterior mantém mercado aquecido.
Nesse período do ano, em que legiões de desempregados costumam procurar trabalho temporário no comércio e na indústria, a colheita de frutas no Ceará abre milhares de oportunidades no campo.
O cenário é bem diferente do que o Geimison está acostumado. A atividade também. Ele normalmente faz bico vendendo salgado no interior do Rio Grande do Norte. Mas foi no campo, a 200 km da cidade, que ele encontrou emprego temporário.
Geimison: Preferi assinar minha carteira para ter alguma coisa a mais fora de casa.
Repórter: E aí a oportunidade que teve foi essa daqui?
Geimison: Foi essa daqui. Não teve outra.
Também é o único trabalho que seu Amauri consegue aos 65 anos. Ele é contratado para este emprego temporário entre os meses de agosto e março a cada safra de melão e melancia, há doze anos.
Para o Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), os empregos temporários evitam a perda de mão de obra no campo. Principalmente em estados como o Ceará, que enfrenta cinco anos seguidos de seca e perdeu 28 mil vagas de empregos formais este ano.
"Você acaba favorecendo aquelas pessoas de baixa escolaridade, que moram no interior, que não têm uma outra oportunidade e evita até de essas pessoas estarem migrando para os grandes centros, que é o que acontece muito nos períodos de grande desemprego", destaca Gilvan Mendes, presidente do IDT.
É a valorização das frutas brasileiras lá fora que mantém o mercado aquecido e as vagas de emprego. O controle de qualidade rigoroso depende de muita mão de obra para quem atende o exigente mercado de exportação.
Uma empresa agrícola quer exportar 200 mil toneladas de melão e melancia cultivados com irrigação. Com 4 mil funcionários fixos, contratou mais 5 mil para o período da safra.
“Toda a parte de controle de qualidade, toda a parte de manuseio da fruta no campo vem crescendo a cada ano juntamente com os pedidos de exportação. Faz com que cada ano nós venhamos a empregar mais”, explica o gerente de exportação Marcellus Fernandes Jr.
O Rogério conta com essa vaga temporária todo ano. Já faz cinco que ele controla a qualidade das frutas exportadas durante a safra.
"Só da gente saber que temos nosso emprego garantido e a empresa nos dá a oportunidade de voltar novamente, isso é muito gratificante”, afirma o auxiliar de qualidade Rogério Maia de Carvalho.
Fonte: Jornal Nacional