Brasil enviou R$ 14 bi de lucro para o exterior, mas recebeu apenas R$ 4 bi

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Levantamento do economista Fabrício Pessato mostra que, desde 1947, US$ 956,3 bilhões de juros e dividendos foram remetidos para outros países, contra a entrada de US$ 126,6 bilhões


São Paulo - Dados do setor externo brasileiro mostram que a internacionalização das empresas nacionais ainda é baixa. Nos últimos 12 meses até agosto, as multinacionais brasileiras que estão no exterior enviaram ao País US$ 4,633 bilhões na forma de lucros e dividendos.

Ao passo que as companhias estrangeiras que estão no Brasil remeteram US$ 14,305 bilhões ao exterior, no mesmo período. Informações levantadas pelo economista Fabrício Pessato, professor da Metrocamp, apontam ainda que, entre 1973 e 2013, houve uma remessa US$ 381,1 bilhões de lucros e dividendos do Brasil ao exterior e um pagamento de US$ 528,8 bilhões em juros aos bancos internacionais (dólares de 2016). No mesmo período, somando-se as receitas do exterior de remessa de lucros e dividendos das empresas brasileiras e o recebimento de juros pagos por empresas estrangeiras aos bancos brasileiros, o resultado foi de US$ 121,3 bilhões. Um déficit líquido de US$ 788,6 bilhões, calcula Pessato.

A série histórica desde 1947 mostra um total de US$ 956,3 bilhões de pagamento de juros e remessa de lucros e dividendos ao exterior, contra a entrada de US$ 126,6 bilhões, o que resultou em um déficit líquido de US$ 829,7 bilhões.
Na avaliação de Pessato, esse cenário de desequilíbrio na conta de rendas do Brasil pode ser aprofundado com a tendência de estímulo ao capital estrangeiro que ele aponta no atual governo de Michel Temer. O economista cita, por exemplo, o projeto de lei que desobriga a Petrobras de operar em todos os consórcios de exploração dos campos do pré-sal, permitindo, inclusive, a participação de multinacionais. As emendas do projeto devem ser votadas hoje no Congresso Nacional.

Para ele, a aprovação dessa medida, sem ações que fortaleçam as empresas nacionais, bem como a internacionalização dessas, tendem a elevar o déficit na conta de rendas e, consequentemente, aumentar o resultado negativo da balança de pagamentos do País - diferença entre as entradas e saídas de mercadorias, serviços, rendas e investimentos.

Estimativas
Com base em um estudo do Instituto Nacional de Óleo e Gás da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Pessato afirma que o potencial de receita oriundo do pré-sal é de US$ 15,3 trilhões e de um lucro líquido de US$ 2,3 trilhões.
"Se apenas 30% desses recursos forem explorados pelo capital estrangeiro, estamos falando em US$ 689 bilhões em remessas de lucros e dividendos em 20 anos, ou US$ 34,5 bilhões por ano", estima.

"Ainda que as remessas efetivas sejam uma fração desses valores, um terço, por exemplo, estamos falando em US$ 11,5 bilhões a US$ 16,5 bilhões por ano. Comparando-se ao déficit de rendas enviadas ao exterior em 2015, teríamos um aumento de 27% a 39% nessa conta", complementa.

Pessato alerta que a elevação do déficit na conta de renda da balança de pagamentos, além de significar que mais riquezas estão saindo do País do que ingressando, traz problemas inflacionários. Isso porque quanto menos dólares entram no País, mais reais serão necessários para comprar a moeda norte-americana. Com o dólar alto, as importações brasileiras ficam mais caras, elevando os preços internos.

Internacionalização

Para Pessato, essa situação pode ser equilibrada a partir de uma política pública que estimule a internacionalização das empresas brasileiras. "Com mais companhias atuando no exterior, aumentamos a tendência de entrada de mais lucros e dividendos no País, o que traria equilíbrio para a nossa conta de rendas", sugere o professor da Metrocamp.

Segundo o especialista, incentivar a internacionalização passa por reformas microeconômicas, com destaque para a tributária, além de programas que diminuam a burocracia do cotidiano das empresas. "O Brasil poderia manter a política de atração de investidores estrangeiros atuando, conjuntamente, com o desenvolvimento das nossas empresas."

Fonte: DCI


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