Brasil é pobre em variedade na gôndola

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Recém chegado ao Brasil, o novo presidente da Nielsen Brasil, o mexicano Eduardo Ragasol, percebeu que, na mudança, esqueceu-se de trazer alguns itens de uso pessoal. Foi, então, a um supermercado. Não achou. "Está difícil encontrar desodorante antitranspirante em barra", disse ele, que há um mês e meio está ocupando a presidência da empresa líder em pesquisas de mercado, no lugar de Sergio Radwanski, que, segundo comunicado da Nielsen, resolveu dedicar-se a projetos pessoais.

 

Mas a falta do desodorante não preocupa Ragasol. "A tendência inevitável para o mercado brasileiro é se segmentar. Isso já começou há um ano ou dois, para certas categorias de produto. É um processo inevitável. Em breve, alguém vai lançar o desodorante em barra", afirma ele.

 

O fenômeno da segmentação provoca a expansão de cada categoria de produtos, diz o executivo, que até o início do ano era o vice-presidente de serviços para clientes para a América Latina da Nielsen. Ou seja: mais marcas, mais versões, diferentes embalagens, novos nichos para um mesmo bem de consumo. "O mercado aqui é grande, mas pobre em segmentação", afirma. "Em qualquer supermercado do México, por exemplo, há no mínimo dois corredores repletos de cosméticos e itens de higiene pessoal. Aqui, há no máximo um", exemplifica Ragasol.

 

Nem mesmo a crise financeira é capaz de deter o processo de segmentação. "Ela pode atrasar essa tendência em alguns setores, mas acelera em outros", explica ele, com base em dados pertencentes à pesquisa "O consumidor brasileiro e a crise", que a Nielsen divulga amanhã. Sabão para roupas e creme dental, por exemplo, são algumas das categorias que devem ganhar mais versões de produtos. São produtos de mercados maduros, com presença maciça nos lares e com poucas marcas dominando mais de 80% das vendas. Para crescer, elas não têm outra saída a não ser criar novidades. A Unilever, por exemplo, acaba de lançar o sabão em pó para tanquinho. Categorias como desinfetantes e tinturas para cabelo, por outro lado, têm muitas marcas concorrendo entre si. Na crise, o consumidor migra para a mais barata ou alonga o uso do item. Na tintura, por exemplo, alonga-se o intervalo entre uma aplicação e outra para economizar.

 

Nesse sentido, o desafio de Ragasol à frente da Nielsen é desenvolver pesquisas cada vez mais abrangentes e ao mesmo tempo pontuais, em linha com a segmentação. "A maior preocupação da indústria são as incertezas do mercado. Nada melhor para combatê-las que informação precisa. Esse é o nosso produto."

 

Veículo: Valor Econômico


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