A marca Kitano, maior fabricante de temperos do país, iniciou o recolhimento de embalagens de páprica, dos tipos doce e de pimenta calabresa, com seus distribuidores e consumidores. A empresa, que pertence à General Mills, faz testes de qualidade para entender o motivo da contaminação do tempero com uma substância causada por bolor. A ocratoxina, motivo do recolhimento preventivo das embalagens, é produzida por fungos e ocorre naturalmente em produtos vegetais como a cevada, o café em grão, o cacau e as especiarias. Sua presença em demasia pode causar desconforto intestinal e alterações na função renal. Por isso, a legislação de cada país estabelece teores máximos de concentração de acordo com cada gênero alimentar.
O crescimento do fungo pode ocorrer durante a colheita, a secagem ou o armazenamento dos produtos. Já os efeitos no corpo dependem do grau de toxicidade do alimento, do tempo de exposição e das condições de saúde de quem os consome. Por ser um tempero, a expectativa é que o consumo de páprica não seja exagerado. A Kitano, tem 37,3% das vendas de ervas e pimentas feitas no país, segundo a Euromonitor International. A Hikari tem fatia de 19% e a marca Chinezinho, da carioca Vitalis, fica com 8,3%. Esse mercado movimentou R$ 1 bilhão no ano passado, estima a Euromonitor.
O recolhimento anunciado pela Kitano envolve as embalagens de páprica com vencimento entre 8 de dezembro de 2016 e 26 de novembro de 2017. "Todas as medidas estão sendo tomadas pela empresa para a retirada dos produtos o quanto antes", informou a General Mills. A empresa deve realizar a troca ou reembolso do produto sem custo. As fábricas de páprica da Kitano estão localizadas em Cambará (PR) e Pouso Alegre (MG). Segundo a General Mills, testes de qualidade descartaram a possibilidade de outras especiarias produzidas nas mesmas unidades estarem contaminadas.
As campanhas de recall saltaram de 40 em 2004 para 120 em 2014, segundo a Secretaria Nacional do Consumidor, subordinada ao Ministério da Justiça. O aumento pode ser explicado pela institucionalização do processo de recall no Brasil, pelo aumento da fiscalização e por uma postura diferente das empresas. Nos dez anos até 2014, o setor automotivo respondeu por 61% dos chamamentos no país, seguido por motociclos (14%), produtos para saúde (6%) e alimentos (2,93%).
Fonte: Valor Econômico