A colheita 2016/17 de milho no Brasil deverá superar pela primeira vez o nível de 100 milhões de toneladas, com as lavouras favorecidas por boas condições climáticas, avaliaram nesta segunda-feira (6) analistas do Banco Pine e da consultoria Céleres.
O Pine, que tem importante parcela de clientes no agronegócio, estimou a safra de milho do Brasil em 102,2 milhões de toneladas, aumento de quase 10 milhões de toneladas ante a previsão anterior, o que representa "incremento brutal" de 55 por cento na comparação com a temporada anterior, fortemente afetada pela seca.
A maior safra do Brasil até este ano havia sido colhida na temporada 2014/2015, quando o país obteve 84,7 milhões de toneladas.
Na atual temporada, a grande produção se dá principalmente pelo crescimento da segunda safra, agora estimada pelo Pine em 70,7 milhões de toneladas, ante 62,6 milhões na projeção anterior. Já previsão da safra de verão passou de 30,4 milhões para 31,5 milhões de toneladas.
"Como percebemos nos últimos anos, chover até a segunda quinzena de abril é um marco importante na produtividade do milho, mas algumas chuvas em maio são o selo de garantia da produtividade no Centro-Oeste do Brasil", disse o Pine em relatório assinado pelo analista Lucas Brunetti.
Ele lembrou que no Sul e no sul de Mato Grosso do Sul ainda existem alguns fatores que podem reduzir a produção, como chuvas excessivas e eventuais geadas.
"No caso do Paraná (segundo produtor nacional), a produtividade final é ainda mais dependente das condições finais até o final da safra, como a geada e as chuvas na colheita. Então é necessário um acompanhamento atento por mais algumas semanas neste Estado", disse.
Já a consultoria Céleres estimou a colheita total do Brasil em 100,7 milhões de toneladas, citando que a segunda safra foi beneficiada pelo clima regular.
"Se concretizada tal produtividade, o Brasil irá colher uma segunda safra recorde, devendo alcançar 66,9 milhões t em 2016/17, 48 por cento acima do observado na safra passada", afirmou.
A Céleres afirmou ainda que, até o dia 2 de junho, os produtores já tinham colhido 1,8 por cento da área de milho inverno, ante 1,9 por cento na mesma época do ano passado.
2018
Com a consolidação de uma safra recorde, acrescentou o analista do Pine, e uma consequente queda expressiva nos preços, "já vislumbramos uma redução da área planta de milho verão em 2018".
"Dessa maneira, retornaremos a tendência de longo prazo de queda na área de milho verão no Brasil. Assim, acreditamos que o aumento de área observado nessa safra migrará para outras culturas na próxima, principalmente soja", afirmou ele, destacando que a segunda safra deverá ter área igual ou maior.
"Isso se deve ao fato de que depois de o produtor selecionar áreas aptas a duas safras e dimensionar seus equipamentos para isso, dificilmente ele irá abandonar as áreas adicionais."
No entanto, os preços menores do milho no mercado doméstico terão reflexos na tecnologia adotada pelos produtores, que deverá ser de menor custo no ano que vem.
Fonte: G1