São Paulo - Os defensivos agrícolas devem custar mais aos produtores na safra 2017/2018. A projeção é do presidente do Conselho diretor da Associação Nacional de Defesa (Andef), Eduardo Leduc.
O motivo, segundo o dirigente, é a valorização da moeda norte-americana em relação ao real, que tem mudado constantemente os preços dos insumos pagos pelas indústrias. "Para nós, como fornecedores, está difícil precificar os defensivos já que a cada lote que importamos pagamos um preço diferente pelos insumos", afirma.
Segundo ele, na safra passada, os valores praticados estavam entre 10% e 15% mais baratos na comparação com anos anteriores. "Haverá recuperação de preços, porque as empresas passaram por um momento de rentabilidade muito baixa em função dessa variação cambial."
Dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Vegetal (Sindiveg) mostram que o setor movimentou R$ 9,5 bilhões em 2016, queda de 1% em relação ao ano anterior. Para se ter uma ideia do peso do dólar no segmento, foram importados 414,9 mil toneladas de produtos no ano passado.
Leduc também destacou que a venda dos produtos para o próximo ciclo está atrasada em relação à safra anterior. "Há uma alta oferta de grãos e uma queda nos preços ao produtor, que fica esperando o melhor momento de vender a produção, o que atrasa os preparativos para a nova safra", afirma o dirigente. Segundo ele, as vendas devem se concentrar no segundo semestre.
Ele orienta os agricultores a travarem os preços para se proteger dessa oscilação de valores. Ele lista o barter - que é o pagamento dos insumos com grãos - como uma alternativa vantajosa de negociação. "Quanto mais o produtor conseguir fazer esse hedge menos ele ficará exposto as oscilações", argumenta. Ele estima que a ferramenta responda por 15% a 30% das vendas de defensivos no País.
A análise foi feita por Leduc durante o Fórum Inovação para Sustentabilidade na Defesa Vegetal, realizado na manhã de quarta-feira (21), na cidade de São Paulo. No evento, o executivo explicou que o uso de um pacote tecnológico, que inclui o manejo adequado de defensivos, pode aumentar em 20% a 30% a rentabilidade dos produtores.
"É possível aumentar a produtividade em 30% a 40% com o uso adequado de tecnologias em toda a propriedade, desde o manejo de solo, escolha de sementes, defensivos que permitam uma visão integrada e não apenas o combate a uma praga específica", diz.
Na ocasião, o secretário substituto de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura (Mapa), Jorge Caetano Júnior, destacou o avanço na liberação de registros de novos produtos, incluindo defensivos agrícolas. A rapidez na liberação dos registros é reivindicação antiga dos fabricantes de defensivos para acelerar a chegada de novidades ao campo.
De acordo com o secretário, em 2016, foram realizados 277 registros, enquanto a média era de 144 registros em anos anteriores. Até o momento, foram cerca de 150 registros. "Para este ano a perspectiva é que [os registros] passem de 300", revelou Caetano.
Fonte: DCI São Paulo