Dentro dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o ano de 2030, também chamada de Agenda 2030, o Brasil terá modernizar o IBGE para melhorar a eficiência do uso da informação.
O novo presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Roberto Olinto, que tomou posse no dia 1º, disse ontem que o instituto já tem discutido nos fóruns internacionais de produção de estatística as formas de modernizar seus processos.
"A modernização, na verdade, é uma ideia um pouco mais estratégica de começar a olhar toda a produção de informação no Brasil, sejam registros administrativos, dados fiscais, informações estatísticas, de uma forma mais integrada, que você possa caminhar para ter um sistema nacional de informação, compartilhamento de base de dados entre diferentes produtores, mais eficiência na gestão dos dados, e da gestão do conhecimento", disse Olinto.
De acordo com ele, o caminho natural dos institutos de estatística é a abertura e integração maior entre os diversos órgãos que produzem informação. "Por exemplo, o controle fiscal, essa informação pode ser usada para um fim estatístico, complementar ou substituir uma informação que o instituto de estatística está trabalhando. Então a gente compartilha esse dado e amplia a nossa possibilidade de trabalhar", comentou Olinto.
Uma das ideias é utilizar os dados das notas fiscais eletrônicas, mantendo-se o sigilo fiscal, para fazer pesquisas de consumo muito mais completas e regionalizadas. "A gente já conversou com alguns estados, estamos começando a fazer alguns testes para ver a viabilidade do uso desses dados, para avançar e tentar fazer convênios com os estados ou com o Conselho Nacional de Política Fazendária, para que a gente possa ter acesso à nota fiscal eletrônica, que seria uma revolução para as contas regionais, para informações regionais. A riqueza da nota fiscal eletrônica, para uso estatístico é imenso, é o que a gente está tentando explorar", afirmou.
Ele destaca também as novas áreas e tecnologias, como as técnicas de Big Data (estudo sobre grande volume de dados) para coleta de informação. "Modernizar determinadas questões de tecnologia de informação que estão muito recentes hoje, compartilhar informação com empresas para fazer estudos, por exemplo, de mobilidade. São áreas novas, hoje existe uma quantidade enorme de dados e uma velocidade na produção e análise de dados cada vez maior. Isso é a modernização do instituto de estatística, acompanhar essa tendência", disse ele.
Colaboração
O presidente do IBGE também informou que pretende ampliar a cooperação sul-sul, que já é feita com países da África e da América Latina, com apoio no censo demográfico desses países e empréstimo de dispositivos de coleta de dados.
Olinto é funcionário de carreira do IBGE desde 1980 e garante que o instituto não sofre nenhum tipo de pressão. "O IBGE é um instituto de uma solidez técnica, se pedir para um diretor manipular dados, vai ter 5 mil funcionários para não deixar ele manipular".
Outra especulação que ele rechaçou foi a de que o IBGE poderia vender pesquisas ou informações. Segundo ele, existe um fundo para o financiamento de estatísticas que precisa ser reativado e pode ser alimentado por meio de convênios com órgãos públicos ou empresas privadas. Porém, a divulgação das informações, mesmo que sob encomenda, continuarão públicas. "A gente tem protocolos de divulgação", afirma ele.
"Toda estatística é demandada pela sociedade, com acesso público sem nenhuma restrição, a não ser a lei do sigilo. Se tiver uma empresa que queira encomendar uma pesquisa, nada contra, desde que sejam respeitadas nossas condições éticas. A parceira para a produção de estatística é bem-vinda, mas a exclusividade não existe."
Fonte: Agência Brasil