Apesar da oscilação no preço do frete marítimo devido à queda de demanda do comércio internacional, que acumula hoje 450 navios parados - o equivalente a 10,7 % da frota mundial -, empresas como a Hamburg Süd continuam com planos de ampliar seus negócios no Brasil, tanto que ela pretende trazer ao País um "supernavio", até meados de 2010. "Estamos confiantes em que o Plano Nacional de Dragagem (PND) viabilizará parte do aumento de capacidade necessária aos portos brasileiros", disse Julian Thomaz, diretor superintendente da Aliança Navegação e Logística e diretor da Hamburg Süd no Brasil, na Intermodal South America, feira internacional do setor de logística que acontece até amanhã, no Transamérica Expo Center, em São Paulo.
O executivo se refere ao plano do governo pelo qual será gasto R$ 1,5 bilhão em obras de aprofundamento de canais e alargamento de acessos em parte dos portos nacionais, que devem permitir a atracação de navios de maior porte, inclusive o maior da empresa, da chamada classe Santa, cuja capacidade abriga 7,1 mil TEUs (cada TEU equivale a um contêiner de 20 pés). Hoje, a maior embarcação do Grupo Hamburg Süd em operação no Brasil é de 5,9 mil TEUs. O novo navio deverá chegar ainda até Buenos Aires e Montevidéu.
Thomas ressaltou que não é só a falta de calado (profundidade) nos portos, que necessita de ajustes. Ele citou a burocracia aduaneira, além da modernização dos terminais, para habilitar o País ao recebimento de navios maiores. O superintendente lembrou ainda sobre a expectativa do setor e relação ao Plano Nacional de Outorgas (PGO), que deve ser divulgado nos próximos dias pela Secretaria Especial dos Portos (SEP), e apontará oportunidades à construção e exploração de novos terminais portuários no Brasil. O que pode "acelerar os investimentos privados no País", disse, acrescentando que a companhia de navegação "estará atenta às oportunidades", sem detalhar se há novo aporte planejado pela armadora alemã. Atualmente, o grupo está envolvido no projeto de construção do Terminal Portuário de Itapoá (SC), fruto da parceria de Aliança, Grupo Battistela e Port Invest.
Apesar da turbulência econômica, 16 novos navios do grupo alemão entrarão em operação, gradativamente, até 2010, plano que não sofreu alteração no número de embarcações destinadas ao atendimento de rotas do Brasil para Europa e a Ásia. As unidades estarão divididas entre quatro com capacidade para 5,5 mil TEUs, seis de 5,9 mil TEUs e outros seis da classe superior Santa.
Apesar dos navios de 7,1 mil TEUs estarem entre os maiores do mundo, há embarcações como o Emma Maersk, com capacidade para 11 mil TEUs, e o MSC Daniela, com a possibilidade de abrigar 13,8 mil TEUs, hoje o maior cargueiro marítimo do mundo.
A Aliança Navegação divulgou recentemente que irá substituir embarcações para elevar em 20% sua capacidade do transporte de cabotagem (navegação costeira) brasileira. As alterações devem atender às rotas como o serviço entre Manaus e Santos, com a opção de estendê-las até Buenos Aires. Aqui, a companhia conseguiu aumentar para R$ 2,4 bilhões o faturamento de 2008, contra os R$ 2,2 bilhões ganhos em 2007.
Aquisição
Para acompanhar o avanço da movimentação de navios de grande porte no Brasil, os maiores terminais do País estão se preparando, como no caso da Santos Brasil Participações, que prepara o Terminal de Contêineres de Santos (Tecon Santos) para este fim. Lá serão aplicados R$ 200 milhões para a aquisição de portêineres - guindastes sobre trilhos que movimentam os contêineres. Os novos equipamentos serão os primeiros a serem operados no continente americano, segundo a empresa, e devem aumentar a capacidade do terminal para movimentar dois milhões de unidades até 2015.
Wady Jasmim, presidente da Santos Brasil confirmou que os investimentos devem continuar, apesar da queda na demanda. "Para cada número percentual que sobe o PIB, cresce 2% o comércio internacional e 4% o transporte por contêinres. Estamos vendo o sentido inverso", analisou, ao incluir que crê na recuperação. A Santos Brasil investe mais R$ 283 milhões no Tecon Imbituba (SC), incorporado há um ano por meio de licitação de R$ 120 milhões. Lá, a expectativa é elevar a movimentação de 900 mil TEUs. Outra unidade do grupo onde estão sendo aplicados R$ 30 milhões é o Convicon, no Pará.
Fila
Se a queda na demanda internacional prosseguir no mesmo ritmo, em média esse movimento está na casa dos 30%, ao final do ano, serão mil navios parados pelo mundo, porém o diretor da Hamburg Süd colocou que "estamos vendo uma reação tímida, mas aos poucos vemos a retomada de alguns setores estratégicos".
Veículo: DCI