São Paulo - Os preços pagos aos produtores de ovos teve alta de 36,9% desde o começo deste ano. O valor, com referência em Batos (SP), passou de R$ 79,81 a caixa com 30 dúzias, para R$ 109,26 em 23 de junho.
"O mercado está em um patamar muito bom para o produto", observa a analista do mercado de ovos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Regina Mazzini.
Segundo ela, a atividade também vem sendo favorecida pela queda nos custos de insumos. O preço do milho, utilizado na alimentação das galinhas poedeiras, caiu 48,3% desde o começo do ano. A saca com 60 quilos do grão em Campinas (SP) caiu de R$ 38,31, nos primeiros dias do ano, para R$ 25,82, ontem. A retração é resultado da supersafra do grão, que chegar a 93,8 milhões de toneladas, estima a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). "As mudanças nos preços dos insumos fizeram do primeiro semestre um período bastante favorável para o produtor", avalia Regina.
Ela acrescenta ainda que o clima também de colaborado para o cenário. A temperatura amena estimulou a produção nos primeiros meses de 2017. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) calcula a produção de 788,2 milhões de dúzias entre janeiro e março deste ano, um avanço de 4,1% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a produção atingiu 757,1 milhões de dúzias de ovos.
Porém, com a chegada do inverno, a produção já começou a apresentar redução e pode sustentar os preços nos patamares atuais, acredita a analista do Cepea. Na última semana, a produção diminuiu 8% em razão do frio.
Fatores externos
O aumento de preços de proteínas como frango e carne bovina também teve um papel importante nesse cenário, bem como eventos como a Operação Carne Fraca, avalia a analista do Cepea. Para ela, o fator de as carnes estarem mais cara incentivou o consumo de ovos, aliada a uma movimentação intensa da cadeia produtiva do ovo para mostrar que o consumo da proteína não tem restrições ao consumidor.
No entanto, a sustentabilidade desse quadro positivo aos produtores de ovos é uma incógnita. "O segundo semestre é um período delicado, porque a produção volta a crescer na primavera e a demanda é menor durante as festas de final de ano", diz Regina Mazzini.
Na opinião do vice-presidente de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e presidente do Instituto Ovos Brasil, Ricardo Santin, a perspectiva para preços, porém, é positiva.
"O valor deve continuar razoável para o produtor." Em 2016, a produção atingiu 39,1 bilhões de unidades, recuo de 1% ante 2015. Para este ano, ele espera estabilidade.
"Não é apenas porque é uma proteína barata, mas porque o consumidor descobriu as propriedades do produto", acredita Santin.
Fonte: DCI