IPI de "linha branca" deve ser zerado por três meses

Leia em 4min 40s

O governo deve reduzir a zero, nos próximos dias, as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de geladeiras, freezers, fogões, máquinas de lavar e tanquinhos. A publicação de um decreto pode ocorrer nesta semana e o benefício valerá por três meses.

 

A sugestão técnica da Receita Federal ao ministro da Fazenda deixa a opção também de reduzir pela metade a carga do IPI desses produtos, mas a equipe de Guido Mantega tem dúvidas sobre o incentivo que isso traria ao consumo e, consequentemente, à indústria, ao comércio e ao emprego. Também pesa o fato de a cadeia automotiva ter, desde dezembro, reduções expressivas de IPI.

 

No caso da linha branca, as alíquotas do IPI são de 20% para máquinas de lavar, 15% para geladeiras e freezers, 10% para tanquinhos e 5% para fogões.

 

Junto com a desoneração temporária da linha branca, Mantega deve ampliar a lista dos materiais de construção beneficiados com IPI menor. A reivindicação já tinha sido levada na semana passada pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria do Material de Construção (Abramat), Melvyn Fox.

 

A vantagem vale, atualmente, para cerca de 20 grupos de produtos, como revestimentos, tintas e cimento, mas os empresários do setor pedem a inclusão de telhas onduladas, vidros, arames, conexões, pregos, cerâmicas, pisos laminados, placas de gesso, tomadas e resistências de duchas para chuveiros, entre outros produtos.

 

Desonerações tributárias desfalcam o Tesouro e exigem medidas compensatórias. Recentemente, o governo anunciou o aumento da carga tributária sobre os cigarros para recuperar parte da arrecadação perdida com a redução do peso de impostos e contribuições nos segmentos de veículos, habitação e investimentos na Região Norte.

 

O governo estuda, num primeiro momento, aumentar a carga tributária das bebidas quentes. São destilados como, por exemplo, cachaças, uísques, vodcas, licores etc. Segundo técnicos da Receita, o atual regime será simplificado porque há espaço para maior tributação e a ordem superior é "arrecadar mais onde isso é possível".

 

Numa segunda etapa, a Receita Federal vai aumentar, novamente, a carga tributária sobre as bebidas frias, principalmente cervejas e refrigerantes. Essa mudança não será imediata porque ainda está sendo preparada a escolha de um instituto que vai realizar a pesquisa dos preços no varejo. O governo também avalia que, politicamente, não é o momento para essa elevação. As indústrias de cervejas e refrigerantes ainda estão digerindo a expressiva mudança da Lei 11.727, de 23 de junho de 2008, que passou a considerar, como base da tributação, quantidade produzida e preços cobrados no varejo. Antes disso, valia apenas a quantidade.

 

Outro setor que teve, recentemente, a carga tributária elevada é o de cigarros, mas já está sendo preparada mais uma rodada. A Receita Federal propôs mudar o regime do IPI para um modelo híbrido que considerasse alíquota específica e tributação sobre o valor do produto. Como foi grande a resistência das maiores indústrias, o governo decidiu aumentar em 23,5% as seis faixas do IPI. A menor era de R$ 0,764 por maço de 20 cigarros e a maior era de R$ 1,397.

 

Esse aumento de 23,5% do IPI dos cigarros, segundo os cálculos da Receita, trará mais R$ 560 milhões para a arrecadação em 2009 e R$ 750 milhões adicionais em 2010. O governo sabe que isso é pouco e já deu seu recado ao setor privado. Quer uma proposta de mudança do atual modelo do IPI para elevar a tributação, sob pena de aplicar outro aumento de 23,5% no atual regime.

 

Além dos 23,5% no IPI, o governo também elevou em 70% a alíquota efetiva - de 6% para 9,8% sobre o maço - das contribuições PIS e Cofins na cadeia produtiva do cigarro, cobrada diretamente nas indústrias. A medida deve trazer mais R$ 415 milhões em 2009 e outros R$ 790 milhões e 2010.

 

Preço final do produto pode cair até 10%

 

Um benefício de IPI zero sobre produtos da linha branca deve possibilitar uma redução entre 2% e 10% nos preços ao consumidor final, dependendo do eletrodoméstico. O comprador conseguirá sentir mais o efeito do IPI zero nos produtos que atualmente têm alíquota mais alta, como o refrigerador, tributado a 15% e a lavadora de roupas, com imposto a 20%.

 

A redução no preço ao consumidor da geladeira deve ficar, em média, entre 5% e 7,5%, e para máquina de lavar, em 8% a 10%. O cálculo é de Patricio Mendizábal, presidente da Mabe, multinacional mexicana que produz as marcas GE, Dako e Mabe no Brasil. Ele explica que o efeito para o consumidor final não é no mesmo percentual das alíquotas reduzidas porque sobre o preço da indústria são cobrados outros tributos, como ICMS e PIS/Cofins. "Além disso, há a margem de lucro do varejista", explica.

 

Com isso, o fogão, atualmente tributado a 4% de IPI, terá queda na venda do varejo próxima a 2% e o tanquinho, que hoje paga 10% do imposto, poderá ter redução entre 4% e 5%. "A medida deve aumentar a demanda mas, caso seja adotada, é importante que seja anunciada logo, antes que os varejistas brequem suas encomendas e o efeito para a indústria seja negativo."

 

Veículo: Valor Econômico


Veja também

Empresas apresentam propostas pelo Ponto Frio

Pelo menos quatro ofertas foram feitas, segundo uma fonte; apenas o Grupo Silvio Santos confirmou entrega   O pra...

Veja mais
Corte de IPI da linha branca divide governo

Estudo da Receita sugere isenção por 3 meses, mas há outros planos   Um estudo da Receita Fe...

Veja mais
Dia% lança linha Bio Pure de cosméticos

A rede de farmácias Dia%, bandeira do Grupo Carrefour, lança neste mês de abril a linha de cosm&eacu...

Veja mais
Importação de confecções anda na contramão e sobe 75%

O fim do acordo entre Brasil e China para restrição de exportações, a chegada de expressivas...

Veja mais
Campeiro Alimentos, de Santa Catarina, fecha as portas

A Campeiro Alimentos, localizada em Tubarão (SC), fechou as portas depois de 20 anos de mercado. Com dificuldades...

Veja mais
Empresas ignoram oscilação do frete marítimo e investem

Apesar da oscilação no preço do frete marítimo devido à queda de demanda do com&eacut...

Veja mais
Super Globo: vendas aquecidas

Vilma Alimentos, de Contagem, adquiriu, em janeiro, a Prolimg, detentora da marca de água sanitária Super ...

Veja mais
Silvio Santos envia proposta ao Ponto Frio

As propostas de compra da rede varejista Ponto Frio, que anunciou no final de março a intenção de v...

Veja mais
Carrefour deve ter 1ª queda de vendas desde 03

O Carrefour SA, o maior varejista da Europa, deverá divulgar esta semana a primeira queda trimestral de suas vend...

Veja mais