Cardápio do brasileiro tem muito agrotóxico

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Estudo da Anvisa mostra que 17 frutas, legumes e verduras têm níveis inadequados do produto

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reprovou ontem a qualidade das frutas, legumes e verduras que compõem o cardápio do brasileiro. A análise de 1.773 amostras colhidas em supermercados do País mostrou que boa parte chega à mesa da população com índices inadequados de agrotóxicos. Os alimentos que apresentaram mais irregularidades foram o pimentão (64% das amostras com alguma irregularidade) e o morango (36%).

 

Ao todo, foram 17 tipos de hortifrútis monitorados, selecionados por serem recorrentes na dieta da população. Em nove, foi encontrado excesso de agrotóxicos (batata, feijão, laranja, maçã, morango, pimentão, tomate e uva). Nos outros oito (cenoura, cebola, alface, abacaxi, repolho, arroz, banana e manga) o problema foi o uso de veneno não autorizado para aquele tipo de cultura, o que também coloca em risco o alimento.

 

Do total, 11 produtos tiveram mais do que 4% das amostras reprovadas, o que supera o padrão seguro estipulado pela indústria internacional. Em alguns casos, como no abacaxi, até pesticidas proibidos no Brasil foram encontrados, o que indica que não há segurança dos seus efeitos tanto para o agricultor quanto para o consumidor. Além de agroquímicos banidos em território nacional, a Anvisa informou que foram encontrados altos índices de agrotóxicos extremamente nocivos que têm uso proibido em vários países e passam por processo de análise no Brasil para determinar se a comercialização deles continua ou não permitida.

 

Segundo os especialistas, os agrotóxicos em excesso são prejudiciais, especialmente para os trabalhadores do campo. A superexposição a que estão sujeitos pode ter efeito cancerígeno e provocar sequelas graves como má formação fetal, problemas de pele e danos ao pulmão.

 

Nos consumidores, as consequências são menores. Sérgio Graff, médico toxicologista da Unifesp, diz que os efeitos tóxicos seriam provocados após longo tempo de consumo de alimentos contaminados.

 

A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) ressalta que o excesso de pesticida provoca, além de problemas de saúde, impactos ambientais como desmatamentos, perda da biodiversidade e contaminação atmosférica.

 

‘Mais formação’

 

A Anvisa realiza as análises de resíduos de agrotóxicos desde 2002, por meio do Programa de Análise de Resíduos Agrícolas (PARA). Em todas, o maior problema diagnosticado é a presença do agrotóxico que não foi aprovado para aquele tipo de cultura. “Os resultados sinalizam que é preciso investir mais na educação e informação dos agricultores que ainda cometem erros no plantio, que prejudicam sua saúde e os problemas chegam a mesa do consumidor”, avalia José Otávio Menten, diretor executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef).

 

No ano passado, a Andef treinou 860 mil trabalhadores rurais sobre agroquímicos. Menten diz que é preciso aumentar a fiscalização, já que os resultados indicam que os agrotóxicos são adquiridos sem receita agrônoma (assim como os medicamentos, os pesticidas necessitam de receituário).

 

DICAS

 

- Para reduzir o consumo de agrotóxico em alimentos, o consumidor deve optar por produtos com origem identificada. Essa identificação aumenta o comprometimento dos produtores em relação à qualidade dos alimentos


- É importante que a população escolha alimentos da época ou produzidos por métodos de produção integrada (que, a princípio, recebem carga menor de agrotóxicos). Alimentos orgânicos são uma boa opção, pois não utilizam produtos químicos para serem produzidos, apesar de serem muito mais caros


- A lavagem e retirada de cascas e folhas externas de verduras ajudam na redução dos resíduos de agrotóxicos presentes nas superfícies dos alimentos. Mas não garante a total eliminação

 

Veículo: Jornal da Tarde - SP


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