Sob olhar do marido, Orfeu Alberto de Bona, de 73 anos, a aposentada Luisa de Bona, de 62, escolhe as verduras, frutas e legumes na feira da Rua Tavares Bastos, na Pompeia, zona oeste. A garantia da qualidade dos produtos vem da aparência dos alimentos e da palavra dos feirantes, de quem é cliente há quase 10 anos. Ideal para Orfeu seria consumir alimentos orgânicos. Mas o alto preço e a falta de um selo de qualidade o desestimulam na compra. “Quem garante que são livres de produtos químicos?”, questiona.
A opinião do casal é comum entre os consumidores das feiras da Pompeia e Jardim Carolina, na zona norte, e nos supermercados e hortifrútis da região. “Deveria existir um selo oficial para atestar a qualidade e procedência do alimento”, diz Ana Maria Dameolon, de 53 anos.
Para acabar com as dúvidas da população, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) criou o Selo Único do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica. Atualmente, cerca de 30 credenciadoras atestam a qualidade dos alimentos orgânicos. Para receber o selo, os produtores serão fiscalizados pelo MAPA.
‘Brasileiro não valoriza’
Com mais essa garantia, Rogério Dias, coordenador de Agroecologia do ministério, espera que os orgânicos sejam “compreendidos” pelos consumidores. “O consumidor brasileiro não valoriza a qualidade dos alimentos. Não entende que paga mais caro ou compra menos para ter um produto melhor. Prefere comer porcaria.”
Quanto ao preço dos orgânicos, Plínio Telles, presidente da Associação de Agricultura Orgânica, atribui a uma “falta de pesquisa, tecnologia, custo da mão de obra e investimento dos próprios agricultores”. Segundo ele, são fatores que diminuem a competitividade do gênero.
Veículo: Jornal da Tarde - SP