As embalagens de medicamentos vão mudar em breve no Brasil. Uma proposta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer deixar as caixas de remédios mais informativas. Para isso, a ideia é incluir novas informações, como nome do princípio ativo, concentração e forma farmacêutica. O objetivo das mudanças é garantir mais segurança aos consumidores. Outra novidade é que as embalagens de remédios com efeito sedativo terão que conter um símbolo de alerta ao lado da expressão "Não Dirigir".
Essas e outras alterações sugeridas pela Anvisa estão sob consulta pública (número 082009) e recebem contribuições pela internet até o dia 11 de maio. A intenção é de que o novo modelo de rotulagem permita a identificação adequada do medicamento e oriente sobre o armazenamento ideal dos produtos, bem como quanto ao uso seguro do remédio. "A proposta foi feita para solucionar problemas que vêm sendo identificados no mercado e reclamados tanto pela população quanto por associações do setor", afirma o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello.
O documento também propõe que informações que já figuram nas bulas sejam colocadas nas embalagens, tais como substâncias presentes no medicamento e alterações nos cuidados de conservação após a abertura do produto. "Essas mudanças são importantes para que pessoas que têm alergia a algum componente da fórmula saibam disto antes de abrir a embalagem", completa Raposo.
Mas enquanto as mudanças não chegam às prateleiras das farmácias, algumas dicas básicas ajudam na hora de comprar um medicamento. O gerente médico de Grupo de Produtos da empresa Pfizer, Eurico Correia, alerta para a importância de conhecer o ponto-de-venda. "É necessário que o consumidor adquira o medicamento em um estabelecimento conhecido, idôneo e que você possa confiar. Além disso, deve-se observar a embalagem. Ver se ela não está amassada, rasgada ou apresenta alguma adulteração", diz.
Além de trazer mais informações aos consumidores de medicamentos, a mudança da embalagem também pode ser uma forma de evitar a pirataria. Só no primeiro trimestre deste ano, a Anvisa já apreendeu mais de 170 toneladas de produtos falsificados. Em 2008, no mesmo período, foram apenas 20. Conforme a agência, o crescimento se deve ao maior rigor na fiscalização. A atividade foi intensificada após a entrada em vigor de um convênio com o Conselho Nacional de Combate à Pirataria. O Ministério da Justiça estima que a venda de remédios irregulares faz com que os estados deixem de arrecadar por ano cerca de R$ 1 bilhão.
A Polícia Rodoviária Federal também tem feito apreensões. Foram mais de 500 mil unidades de remédios piratas ou falsificados somente no ano passado - grande parte deles para disfunção erétil. Por causa disso, a Pfizer reformulou a caixa do Viagra. "A gente mudou o layout da embalagem. Ela passa a ser de uma cor azul metalizada. Além disso, está sendo produzida em um papel que é mais difícil de piratear", comenta. Correia lembra que a embalagem antiga ainda poderá ser encontrada nas farmácias por alguns meses, já que muitos estabelecimentos mantêm o produto em estoque.
Veículo: Jornal do Comércio - RS