Os pratos congelados vão desde empadões com recheios variados, até quiches, picadinho, quibe grelhado e arroz selvagem.
A empresária Gianna Solera encontrou um segmento com bom potencial e poucos concorrentes. Ela produz pratos congelados de primeira linha, para um público de bom poder aquisitivo.
“São as pessoas que buscam, basicamente, na mesa um prazer. Prazer daquele momento na refeição e o prazer de ter mais tempo. É uma associação aí de buscas desse consumidor, aliado a questão de saudável, da ausência de conservantes”, explica Gianna.
“Nós tivemos um ano de foco em planejamento estratégico, em pesquisas para que a gente pudesse definir melhor, o nome, o logo, o posicionamento da marca, qual era o nicho que a gente iria atuar de verdade, quais eram os produtos ideais pra essa demanda. Então, houve um suporte bastante grande, para que a gente não tivesse que revisitar isso o tempo todo”, conta Gianna.
São empadões com recheios variados, quiches, picadinho, quibe grelhado e arroz selvagem. Segundo a empresária, é o tempo gasto no preparo que diferencia o produto. Para se ter uma idéia, uma funcionária de Gianna faz 50 pratos por dia, enquanto uma produção industrial pode ser 100 vezes mais rápida.
A demora e a seleção da matéria-prima garantem a característica “premium” ao produto. A massa é aberta com a mão. Em vez de caldeiras, o recheio é preparado em panelas pequenas, sem pressa. Só depois de frio, é que o recheio é colocado na massa, uniformemente. E na hora de assar, os cuidados continuam.
“A cada 20 minutos têm que estar trocando, virando a forma dentro do forno porque em cima assa mais rápido do que embaixo então tem que estar virando para poder assar por igual”, ensina a auxiliar de produção Marlene dos Santos.
Para produzir, a empresária fez uma parceria com uma fábrica de alimentos. É como se ela tivesse montado a empresa dela dentro de uma fábrica já pronta e com experiência nesse segmento. Gianna comprou forno, seladora, bancadas e fez as instalações. Ela paga um aluguel e usa outros equipamentos da fábrica, como umacâmara fria. Com isso, Gianna reduziu o investimento inicial de R$ 200 mil para R$ 40 mil.
“Isso permitiu usufruir de uma estrutura bastante desenvolvida, de uma classe mundial. Quer dizer: uma cadeia fria altamente eficiente, um setor de compras, engenharia de alimentos, o que não seria tão viável se eu estivesse sozinha nessa empreitada”, acredita Gianna.
Hoje a empresa produz 1,2 mil pratos mensalmente. A previsão é chegar a 4 mil unidades por mês até o final do ano. A aposta é num segmento que cresce 35% ao ano. O mercado de luxo movimenta cerca de R$ 8 bilhões por ano no Brasil, segundo estudo de uma empresa especializada em consumo de luxo, a Core Brazil. O desafio no segmento de alimentação é chamar a atenção entre marcas conhecidas num setor de difícil contato com o consumidor.
Nos supermercados, os corredores dos congelados são diferentes. Eles são frios, desconfortáveis, e por isso costumam ter pouco trânsito de clientes. Para quebrar o gelo, a empresa apostou no marketing da experiência. Duas vezes por semana, ela faz degustação do produto. Nesses dias, as vendas aumentam dez vezes.
A empresa de congelados investiu R$ 1,5 mil em um quiosque móvel. A funcionária esquenta o prato no microondas, corta e serve. Quase sempre o consumidor prova, gosta e compra.
“Muitas vezes você acaba sendo influenciado por isso e acaba levando para casa o produto, uma vez que você já experimentou”, diz o consumidor Renato Barbieri.
A estratégia dá frutos. Hoje os congelados de luxo são vendidos em 25 supermercados e empórios. A procura dobrou no último ano. Segundo o dono de um empório, Argeu Tavares de Souza, o produto está entre os que mais vendem na seção de congelados.
“Primeiro o cliente compra por curiosidade, aí depois ele começa a andar sozinho e já é um produto que está tendo um retorno. O cliente está levando, gosta do sabor, gosta da mercadoria e já tem reposição. Me surpreendeu”, conta Argeu Tavares.
O produto caiu no gosto de pessoas que querem refeições rápidas com qualidade, como a comerciantes Fernanda de Soler. Ela costuma trabalhar até tarde e busca praticidade quando chega em casa. Fernanda retira o produto da embalagem e põe no microondas. Em cinco minutos, já pode jantar.
“A rapidez, a praticidade, você não precisa ficar horas cozinhando e o produto tem uma qualidade muito boa, tanto é que as verduras, o empadão eles têm o gosto da cenoura, o gosto da ervilha, então não é um produto que você está comendo sem sabor, um congelado sem sabor. A gente sabe que está comendo uma comida saudável”, aprova Fernanda.
Veículo: Pequenas Empresas Grandes Negócios