São Paulo (Reuters) - O Brasil deverá colher neste ano uma safra de soja bem próxima à obtida no ciclo anterior, quando o maior exportador global da oleaginosa registrou um volume recorde, de acordo com avaliações de duas consultorias divulgadas nesta quinta-feira.
As revisões para cima nas projeções ocorreram diante de um tempo favorável, com chuvas abundantes, e crescimento de área plantada.
A Agroconsult elevou sua previsão da safra brasileira 2017/18 para 114,1 milhões de toneladas, ante 111 milhões de toneladas projetadas em novembro.
O volume, embora igual ao recorde de 114,1 milhões de toneladas registrado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 2016/17, ainda fica levemente abaixo das 114,6 milhões de toneladas consideradas pela Agroconsult para o ciclo anterior.
Fatores climáticos ainda podem interferir na produtividade final da safra, cuja colheita apenas começou, afirmou o diretor da Agroconsult, André Pessôa, nesta quinta-feira.
“A safra de soja foi plantada com muita qualidade... O clima vai determinar o tamanho e a produtividade da soja. Há previsão de chuvas durante o período da colheita... muitos dias chuvosos significam nuvens e pouca luz, prejudicando peso dos grãos”, ponderou Pessôa a jornalistas, ao lançar a expedição técnica Rally da Safra, que vai avaliar as lavouras brasileiras a campo nos próximos meses.
Além da Agroconsult, a consultoria AgRural elevou mais cedo nesta quinta-feira a sua estimativa para 114 milhões de toneladas de soja, volume superior ao de 112,9 milhões estimado em dezembro e bem próximo do de 114,1 milhões registrado pela Conab em 2016/17.
Na quarta-feira, a Céleres havia apontado uma safra de soja em 111,8 milhões de toneladas, alta de 1,9 por cento ante a projeção anterior.
O número da Céleres está mais próximo ao divulgado nesta quinta-feira pela Conab. Ainda assim a consultoria aponta uma safra bem maior do que a estatal, que estimou a produção brasileira em 110,4 milhões de toneladas, versus 109,2 milhões de toneladas esperadas em dezembro.
MILHO
No caso do milho, que junto com a soja responde por 90 por cento dos grãos cultivados no país, a Conab prevê uma queda de 5,6 por cento na produção total de 2017/18 ante 2016/17, para 92,347 milhões de toneladas, com área de 17 milhões de hectares (baixa de 2,9 por cento).
A redução na produção esperada ocorre após a soja ter avançado em áreas plantadas com milho na temporada passada, na esteira de preços pouco atrativos do cereal após uma safra histórica no ano passado, de quase 98 milhões de toneladas.
A previsão de milho da Conab, porém, supera a projetada pela Agroconsult, que projetou 91,6 milhões de toneladas, ante 94,4 milhões de toneladas na previsão anterior e 98,7 milhões de toneladas em 2016/17.
Do total, 26 milhões de toneladas são de milho primeira safra (“verão”) e as outras 65,6 milhões de toneladas, de segunda (“safrinha”), segundo a Agroconsult.
Com reportagem adicional e texto de Roberto Samora
Fonte: Reuters