Produtores e indústrias de leite vão pedir ao governo ajuda no escoamento do excesso de produção - estimada entre 8% e 15%, dependente do segmento da cadeia. Em reunião ontem em São Paulo, o setor decidiu encaminhar um documento solicitando o aumento do limite do Empréstimo do Governo Federal (EGF), para a armazenagem do produto, e a instituição de Prêmio de Risco para a Aquisição de Produto Agrícola oriundo de Contrato de Opção de Venda (Prop), para ajudar na exportação - até julho, o volume embarcado foi 74% superior ao do mesmo período de 2007, totalizando 82 mil toneladas e, em receita 169% (US$ 291 milhões).
O aumento da produção já pode ser sentido no preço. De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), o recuo médio no valor pago em agosto foi de 4,66%, chegando a R$ 0,71 o litro. De acordo com o índice de captação do Cepea/USP o volume de leite captado pelas empresas em julho foi 1,09% superior a junho e 10,4% maior que o mesmo período do ano passado.
O presidente da Leite Brasil, Jorge Rubez, explica que dois fatores foram determinantes por este período que vive a pecuária de leite: o aumento da produção - os preços do ano passado estavam atrativos - e a queda no consumo - devido à inflação dos alimentos. "Se não houver uma medida, o preço vai cair mais o pecuarista parar de produzir", afirma.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Leite Longa Vida (ABLV), Laércio Barbosa, explica que o limite de EGF atual - cerca de R$ 10 milhões - é insuficiente para a formação de estoque. Pelos seus cálculos, guardaria-se uma semana de produção apenas, dependendo do tamanho da empresa. Barbosa acrescenta ainda que, apesar das exportações deste ano estarem maiores, não acompanharam o ritmo de crescimento da produção, estimado em 20%.
Veículo: Gazeta Mercantil