Em crise, agronegócio reivindica revisão tributária em Minas Gerais

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Um dos segmentos econômicos mais prejudicados pela greve dos caminhoneiros, o agronegócio vem registrando prejuízos em diversas cadeias produtivas. Em Minas Gerais, a falta de transporte para escoar a produção e abastecer as unidades produtivas com insumos está prejudicando a atividade e causando a morte de animais. Com perdas financeiras elevadas, o setor pede que providências sejam tomadas para resolver a crise. Além das ações propostas pelo governo federal, a participação do governo estadual é considerada fundamental, principalmente, na revisão do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) sobre os combustíveis.

 

De acordo com a coordenadora da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária (Faemg), Aline Veloso, o agronegócio mineiro está muito acometido pelos desdobramentos da paralisação dos caminhoneiros.

 

“A greve dos caminhoneiros é legitima. Mas são necessárias medidas urgentes para resolver a questão. As cadeias produtivas são completamente interligadas, então é necessária uma ação imediata para que o setor consiga se abastecer e reestabelecer as atividades, ainda que isso possa acontecer no médio prazo. O impacto é extremamente grande e muito delicado. Por isso, é necessário que tanto o governo federal quanto os estaduais, especialmente o de Minas Gerais, tomem providências. É preciso alterar a carga tributária, esperamos que o governo estadual seja sensível a isso, especificamente em relação à alíquota do ICMS, que é altíssima”.

 

Ainda segundo a representante da Faemg, mesmo que a retomada do abastecimento dos postos de combustíveis aconteça por agora, ainda será necessário um período para a normalização das atividades da agricultura e pecuária.

 

“A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), por exemplo, estima que sejam necessários dois meses para a retomada da cadeia de aves e suínos, mas não conseguimos afirmar isso, caso não haja solução por agora. Esperamos por uma solução mais ágil, para que nossa atividade não seja ainda mais comprometida e o produtor não amargue ainda mais prejuízos”.

 

Ainda segundo Aline, com todos os prejuízos acumulados, a tendência é que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) seja afetado. “Se esperávamos por uma alta do PIB, com as perdas de uma semana e os desdobramentos negativos, pode ser que este ano a gente amargue com crescimento pequeno ou negativo do PIB”.

Aline ressalta que um dos pontos mais graves está no setor de aves e suínos. Neste segmento, além dos produtores não conseguirem escoar a produção, a falta de alimentos tem causado morte de milhares de animais.

 

Lácteos - Prejuízos incalculáveis também vêm sendo registrado no setor de lácteos. “O setor precisa escoar e processar a produção de forma ágil. Por mais que nos últimos anos os produtores tenham investido em planos de expansão e armazenagem, necessariamente os laticínios captam o leite de dois em dois dias, o que não tem acontecido desde a última semana. Todo o leite precisa ser descartado, porque a doação do leite cru é proibida. Ao descartar o leite, o produtor fica com todo o custo e o prejuízo”, explicou Aline.

 

Frutas e hortaliças - Outros segmentos bastante comprometidos e com perdas elevadas são os setores de frutas e hortaliças, que não conseguem despachar a produção para as centrais de abastecimento.

 

“São alimentos muito perecíveis e sem o devido escoamento e comercialização, o produtor fica com os custos e perde os itens. Tudo isso gera prejuízos, principalmente no segmento das folhosas. É uma situação muito delicada para o setor produtivo”.

 

Outros setores - O setor sucroenergetico em Minas Gerais também está com o funcionamento reduzido em função da greve dos caminhoneiros. A falta de transporte para os produtos acabados, como o etanol e o açúcar, fez com que as usinas reduzissem as atividade e algumas unidades já planejam suspender a produção.

 

Ainda segundo Aline, a atividade agropecuária é impactada também pelo não recebimento dos insumos, especialmente, para alimentação e animais de diversas cadeias aves, suínos, pecuária de leite e corte.

 

Outro ponto ressaltado é a dificuldade de executar as atividades dentro das unidades produtivas. Ela explica que o óleo diesel é fundamental para o funcionamento de motores, máquinas e implementos agrícolas. A falta do combustível compromete a manutenção das atividades, como a colheita, por exemplo.

 

Fonte: Diário do Comércio de Minas


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