Para a ponta exportadora da cadeia de café, dados recentes indicam que o pior da crise financeira mundial já passou. As negociações de compra e venda no mês de abril indicam preços maiores e para as próximas semanas a tendência é a de que as intervenções do governo brasileiro, no sentido de dar suporte às cotações do produto, já apresentem resultado. A expectativa é que a elevação do preço mínimo e a aprovação do acréscimo de R$ 1 bilhão ao Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para o ano de 2010, que destinará R$ 460 milhões para a formação de estoques, criem condições do Brasil negociar melhor o preço do café lá fora. No mercado interno, as medidas também animam os produtores e novos investimentos começam a ser feitos, como o da Cooperativa Agroindustrial Coamo, que inaugura neste ano uma nova indústria de torrefação e lança mais uma marca de café.
Na avaliação de Guilherme Braga, presidente do Conselho dos Exportadores do Café (Cecafé), os números de exportação de abril ainda são reflexos das vendas realizadas no primeiro trimestre. "Agora já está havendo uma recuperação", disse. "Abril sinaliza uma alta. O preço já reagiu e está em tendência ascendente, ainda que moderada", avalia.
As exportações brasileiras de café (verde mais solúvel) em abril totalizam 2,3 milhões de sacas, para uma receita de US$ 309,9 milhões. Este montante aponta variação positiva de 1,1% em relação ao volume comercializado no mesmo mês do ano passado, mas revela um decréscimo de 20,5% em comparação à receita do mesmo mês em 2008, quando comercializou o equivalente a US$ 389,5 milhões. O volume de sacas vendidas, no entanto, teve variação positiva de 9%.
A diferença foi determinada pela redução nos preços. A saca de café, que havia encerrado o ano de 2008 com um preço médio de US$ 160, fechou o primeiro quadrimestre de 2009 a US$ 130. A queda só não impactou a renda interna porque a paridade do câmbio foi favorável no período.
Na última semana, os recursos do governo destinados à cafeicultura aumentaram de forma expressiva. A proposta orçamentária do Conselho Deliberativo da Política do Café aprovada garante recursos da ordem de R$ 2,8 bilhões ao Funcafé e, caso seja confirmado o volume de 3 milhões de sacas no leilão de opções, mais R$ 900 milhões estão disponíveis aos produtores.
Para Luiz Suplicy Hafers, cafeicultor e consultor, a ajuda será fundamental já que a fragilidade de financiamento do complexo café não está deixando que a falta da mercadoria se manifeste nos preços. "Tanto o produtor quanto o importador necessita de suporte para as vendas", avalia. "Tem que financiar na mão de quem quer que seja", completa Hafers.
"Os leilões de opção representam uma injeção de renda direta em regiões importantes do interior do estado", afirmou João Sampaio, secretário de Agricultura de São Paulo. Ele prevê que o preço mínimo de R$ 300 a saca representa um incremento de até R$ 60 por saca para os produtores paulistas.
Coamo
Com o objetivo de ampliar a sua participação no mercado, a Coamo anuncia para os próximos meses o funcionamento de uma nova indústria de torrefação e moagem de café, que está sendo construída no complexo industrial da cooperativa em Campo Mourão, no Paraná. A nova indústria da Coamo produzirá o café Coamo e também uma segunda e nova marca da bebida. "Esta nova indústria de café faz parte do nosso programa de investimentos e irá possibilitar o incremento substancial da produção e do envase de café almofada e a vácuo", disse José Aroldo Gallassini, presidente da Coamo.
Veículo: DCI