Na procura por um mercado ainda pouco explorado pelo varejo, o atendimento personalizado às pequenas e médias empresas (PMEs) na venda de itens de informática, Ponto Frio, Microsoft Brasil e Positivo Informática desenharam uma estratégia para avançar em um mercado com potencial de R$ 2,6 bilhões. Esse cálculo vem de uma estimativa das companhias envolvidas, de que a demanda neste nicho atinja aproximadamente 1 milhão de empresas. Depois de fazer algumas pesquisas de mercado, Ponto Frio e seus parceiros detectaram que 26% dos pequenos empresários compravam soluções de TI em redes varejistas, sem condição ou orientação especial. "Esse é um nicho importante para o setor, por isso avaliaremos primeiro o desempenho da ação para expandi-la a outras lojas", diz Marcos Vignal, diretor executivo e comercial do Ponto Frio.
O executivo explica que inicialmente a parceria será restrita à cidade de São Paulo e contemplará apenas a três dos 458 pontos-de-venda da companhia, instalados em 11 estados. A primeira etapa do projeto deve durar três meses, e por enquanto não existe uma expectativa precisa em relação ao volume de vendas. O preço médio dos produtos é de R$ 2,6 mil, valor parcelado em até 18 vezes com juros. O passo seguinte será obter apoio do BNDES.
O Ponto Frio, que faturou ano passado R$ 4,8 bilhões e 15% de cujos ganhos são provenientes da venda da categoria Informática, espera crescimento considerável nesta área depois da parceria. Além disso, outro fator de impulso para a rede - que poderá reportar números menores no primeiro trimestre, segundo declaração do presidente, Manoel Amorim - é a redução Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI). Segundo Vignal, a expectativa inicial de venda com o imposto menor foi superada.
Sobre a concorrência no varejo de informática, que segundo a consultoria IDC é responsável anualmente por R$ 350 milhões, a parceria anunciada ontem por essas redes deverá incomodar a concorrência, como o Extra.com.br, do Grupo Pão de Açúcar, além do Carrefour e Wal-Mart, que também deverão começar a buscar estruturas para o atendimento às empresas na venda de itens de informática, dizem fontes do setor.
Questionado sobre a venda do Ponto Frio pela controladora Globlex Utilidades S.A., o diretor Comercial esquivou-se do assunto. Até o momento enviaram proposta ao Goldman Sachs, que acompanha o processo, o Grupo Silvio Santos, o consórcio formado pela varejista Insinuante, do Nordeste, e o Banking & Trade Group (BTG), do empresário André Esteves, além de Grupo Pão de Açúcar e Lojas Americanas, que não comentam o assunto.
Tecnologia
Apesar de ter ingressado no segmento corporativo há cerca de um ano, a Positivo Informática aposta na parceria com a Microsoft e com o Ponto Frio para tentar alavancar seus negócios neste segmento, que atualmente correspondem a apenas 3% do mercado empresarial. "Temos 30% do mercado governamental, por exemplo. Por que não alcançar o mesmo espaço no corporativo?", disse Hélio Rotenberg, presidente da Positivo. Ele garante ainda que a fabricante não está envolvida em nenhum processo de venda de suas operações.
"O varejo é carente de soluções para esse público. É essa lacuna que pretendemos preencher", afirmou. No primeiro trimestre do ano, a Positivo vendeu cerca de 33,8 mil computadores ao segmento corporativo, crescimento de 65,8% na comparação com o mesmo período de 2008. "Estamos avançando significativamente nesse segmento", disse Rotenberg. Em relação ao último trimestre de 2008, as vendas deste ano foram 3,6% maiores.
A parceria com a Microsoft do Brasil, cujo presidente é Michel Levy, é para o fornecimento da solução do negócio. A desenvolvedora de softwares pôs à disposição dos pequenos e médios empresários o sistema operacional Windows Server 2008 Foundation, que disponibiliza 15 licenças por empresa, banco de dados, hospedagem de endereços eletrônicos e compartilhamento de arquivos, impressoras e acesso remoto. "O motor da economia brasileira certamente são os 4 milhões de micro e pequenas empresas que temos aqui", diz. Apesar da grande parceria firmada pela Microsoft, o presidente da empresa admitiu que cerca de 5% do quadro de seus funcionários no Brasil foi demitido. "É apenas um reajuste ao cenário."
Ao detectar, por meio de pesquisas de mercado, potencial para explorar o segmento de informática entre as pequenas e médias empresas (PMEs), Ponto Frio, Microsoft e Positivo Informática apostam na estratégia de atendimento personalizado para avançar no segmento cujo potencial é de R$ 2,6 bilhões, no atendimento até 1 milhão de empresas. Ponto Frio mira ter maior participação desta área em sua receita e a ação poderá incomodar concorrentes como Carrefour, Casas Bahia e Pão de Açúcar.
Veículo: DCI