O presidente da Nestlé no Brasil, Ivan Zurita, afirmou ontem que a companhia deverá concluir a aquisição de duas empresas até o fim deste mês. "Nós não antecipamos os detalhes, porque há ainda questões legais a serem resolvidas. Mas vamos investir em segmentos novos", disse o executivo.
Em setembro, Zurita já tinha anunciado a compra de duas empresas, o que deveria ocorrer em outubro. No entanto, somente em dezembro a companhia divulgou em definitivo a aquisição das fontes da Água Mineral Santa Bárbara, na cidade de Águas de Santa Bárbara, no interior paulista. A segunda aquisição prenunciada pelo executivo na época, no entanto, não foi revelada pela companhia até agora.
Procurada pelo Valor para dar mais detalhes sobre os negócios, a Nestlé afirmou que uma das aquisições que deve ser anunciada nos próximos dias é a mesma antecipada pelo executivo no fim de 2008. No entanto, a Nestlé não deu mais informações sobre a outra operação, que, se confirmada, será a terceira realizada pela empresa desde o início do ano passado.
Zurita afirmou ainda que a Nestlé, que opera em 28 segmentos diferentes no país, pretende investir cerca de R$ 350 milhões no Brasil neste ano. Os recursos serão direcionados principalmente para a ampliação da capacidade e para o desenvolvimento de tecnologias, sendo que o montante destinado para as aquisições previstas ainda não foi divulgado. "Com esses investimentos, temos um plano agressivo para a Nestlé: duplicar o faturamento até 2012", disse.
Segundo ele, o tamanho do mercado brasileiro e as oportunidades de negócios que o país oferece, principalmente ao se diferenciar positivamente das outras economias no que tange à resistência à crise, darão embasamento para o avanço pretendido pela companhia. A multinacional encerrou 2008 com um faturamento líquido de R$ 13,4 bilhões no Brasil.
Zurita comentou também a aquisição da Sadia pela Perdigão, anunciada ontem. "As regras têm que ser iguais para todos", afirmou, quando questionado sobre a possibilidade de o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovar a transação. Há cinco anos, o órgão vetou a compra da Garoto pela Nestlé. A multinacional recorreu ao Judiciário e obteve decisões para que não fosse obrigada a cumprir a ordem de vender a Garoto. O processo continuou na Justiça e em janeiro, dois desembargadores do Tribunal Regional Federal de Brasília votaram a favor do reenvio do caso ao Cade para que seja apreciado novamente. Mas o julgamento no TRF foi interrompido por pedido de vistas e o processo ainda aguarda decisão final.
Veículo: Valor Econômico