Sem dúvida a inovação tecnológica e os investimentos levam ao crescimento do setor, com o aumento da robótica em todos os setores da indústria – do varejo a serviços da indústria alimentícia até entrega de comida em casa, que é uma força inovadora em toda a cadeia de suprimentos.
No ano passado, os níveis de financiamento da tecnologia agroalimentar atingiram um recorde de US$ 16,9 bilhões, em comparação à cifra de US$ 10,1 bilhões do ano de 2017.
Interessante notar que houve aumento de US$ 3 bilhões em investimentos nos setores de varejo, serviços da indústria alimentícia e e-commerce em comparação ao valor investido no lado produtivo da cadeia de suprimentos.
No lado produtivo houve investimentos de US$ 6,9 bilhões em tecnologias na unidade agrícola, que aumentam a eficiência e os rendimentos e administram os desafios de recursos.
No Brasil, a tecnologia e a sustentabilidade da agricultura foram combinadas no Mercado Verde, no qual os agricultores podem oferecer colheitas sustentáveis aos compradores em quatro categorias ambientais.
E o futuro já chegou com o desenvolvimento em tecnologia de alimentos à base de plantas que produziu mudanças em empresas agrícolas tradicionais.
Em todo o mundo, alimentos substitutos da proteína animal registraram um faturamento de US$ 19,5 bilhões no ano passado, em um cenário em que um em cada quatro consumidores no mundo busca reduzir o consumo de carne.
A Impossible Foods – um dos líderes de mercado – produz atualmente meio milhão de libras de seu substituto de carne à base de plantas todo mês para 3.000 restaurantes, incluindo o Burger King.
No mercado brasileiro, novos produtos da Fazenda Futuro e seus hambúrgueres feitos de ervilhas, proteína de soja e grãos-de-bico, além dos planos da Seara de lançar um hambúrguer à base de plantas, estão atendendo às demandas dos consumidores por alternativas saudáveis. E agora o anúncio da entrada da Mafrig nesse mercado.
Segundo dados da Plant Based Foods Association e da Nielsen, o faturamento em dólares da categoria de alimentos à base de plantas cresceu 20% em 2018, com vendas que atingiram US$3,3 bilhões, em comparação a um crescimento de apenas 8% no ano de 2017.
Os consumidores, em especial os millennials e da geração X, estão tomando decisões alimentares e de compra com base em preocupações de sustentabilidade no que diz respeito à saúde do planeta e do meio ambiente.
Os mesmos consumidores também tendem a demonstrar maior preocupação com os alimentos que ingerem e estão dispostos a gastar mais por essas escolhas.
Aqui, mesmo tradições culturais no que diz respeito ao consumo de carne estão mudando. O que achei muito interessante é que cerca de 30 milhões de brasileiros se consideram vegetarianos.
Dessas pessoas, 7 milhões se autodeclaram veganas, renunciando também a produtos de origem animal, como queijo, leite e ovos.
No Brasil, aqueles que procuram reduzir o consumo de carne contam agora com diversas opções nas gôndolas dos supermercados, de salsichas vegetais e cachorros-quentes veganos a “filés de peito de frango” à base de ervilha.
As oportunidades de consumo estão nos nichos – como consumidores orgânicos e nas compras online. Segundo dados da Forrester Research, há previsão de que o faturamento do mercado global de compras de gêneros alimentícios on-line dobre de US$ 150 bilhões em 2017 para US$ 334 bilhões até 2022.
Um estudo global constatou que, até o ano de 2020, 35% dos compradores gastarão de 26% a 40% de seu orçamento de supermercado em compras online.
Já o crescimento dos alimentos orgânicos, tanto nos EUA quanto no Brasil, apresenta mais oportunidades para frutas e verduras frescas.
Em 2018, o faturamento de alimentos orgânicos nos EUA totalizou um recorde de US$ 47,9 bilhões. Frutas e verduras orgânicas representaram 36,3% de todo o faturamento de alimentos orgânicos no ano passado, compreendendo 14,6% de todos os produtos frescos vendidos nos EUA e representando vendas de US$ 17,4 bilhões.
Quanto à indústria de produtos agrícolas frescos, devemos ser ousados e não permitir que a proteína defina o produto. Ainda que produtos à base de plantas certamente possam incluir frutas e verduras, eles não são capazes de substituí-las nas dietas e hábitos alimentares dos consumidores.
Esta é a maior ameaça que enfrentamos. Nosso trabalho continua sendo o de ajudar o mundo a entender que a única coisa mais simples a fazer para atingir uma vida plena e intensa é consumir mais frutas e verduras.
A PMA – Produce Marketing Association – concluiu uma pesquisa de mercado que enfocou os consumidores brasileiros e as razões por que eles consomem – ou não consomem – frutas e verduras.
Constatamos que os consumidores brasileiros tendem a comer frutas e verduras frescas por razões específicas ou em refeições específicas.
Com maior frequência, os brasileiros consomem frutas na forma de sucos, o que também desencoraja o seu consumo de outras maneiras, como ingredientes em um prato ou o fruto inteiro.
Já os legumes são frequentemente usados como ingredientes complementares à carne, quer seja como um acompanhamento, quer seja como um ingrediente em um guisado, limitando sua capacidade de ser apresentado sozinho e ser o destaque de uma refeição.
Como varejo, existe a oportunidade de educar os consumidores como podem incluir mais frutas e verduras em refeições durante todo o dia.
Como indústria, devemos trazer mais inovação na forma como demonstramos o pleno potencial de sabor de frutas e verduras através de abordagens estratégicas de marketing que combinam merchandising, publicidade e conteúdo on-line envolvente.
O desafio da indústria é assegurar que o resto do mundo saiba que a única coisa mais simples que podemos fazer para atingir uma vida plena e intensa é fazer com que as pessoas consumam mais frutas e verduras. Construir um mundo mais saudável.
Fonte: O Debate