Quanto demora para trocar uma lâmpada? Aparentemente quase um século e meio, embora o substituto já exista há décadas.
No impulso para diminuir o consumo de eletricidade mundial, mudar velhos hábitos se revela mais difícil para desenvolver novas tecnologias. Isso acontece porque enquanto a eletricidade continuar barata, ou pelo menos abundantemente disponível, as pessoas continuarão a não ver motivo para trocar as lâmpadas incandescentes comuns, com alto consumo de energia, por alternativas mais eficientes.
Thomas Edison lançou sua lâmpada incandescente em 1879 e desde então ela tem iluminado o mundo. Mas ela é extremamente ineficiente, gerando 90% calor e 10% luz para a eletricidade que consome. "A única coisa pior é uma vela", diz Terry McGowan, da Associação Americana de Iluminação.
Já existe uma lâmpada melhor. A espiralada lâmpada "fluorescente compacta", que produz a mesma quantidade de luz que a ancestral incandescente com um quarto da eletricidade. Criada há uma geração, ela dura anos, emite luz em várias tonalidades e diminui tanto a conta de luz que se paga em alguns meses.
Existem estudos científicos que apontam a lâmpada fluorescente como uma das maneiras mais fáceis de começar a diminuir de fato o consumo de combustíveis fósseis. A iluminação corresponde a uns 20% do consumo residencial de eletricidade nos Estados Unidos - muita coisa para fritar com calor desperdiçado.
Mas cerca de 80% de todas as lâmpadas vendidas nos EUA são incandescentes, e custam menos de US$ 0,25 cada, cerca de um décimo do preço de uma fluorescente compacta. Petróleo, gás natural e carvão são as principais fontes de eletricidade no país.
"Eu compro as mais baratas", disse Betty Ferrell, enquanto escolhia um pacote de lâmpadas incandescentes numa loja do Wal-Mart. Ela passou direto pela prateleira com as lâmpadas fluorescentes. "Elas podem não ser tão baratas no longo prazo", disse ela sobre as incandescentes que escolheu, "mas são baratas o suficiente para o que tenho na carteira no momento."
De fato, os americanos têm resistido tanto a comprar as novas lâmpadas que o governo está para forçá-los a fazer isso. Uma lei que deve entrar em vigor em 2014 vai proibir as incandescentes para a maioria dos usos.
E, mesmo enquanto os consumidores começam a estudar a mudança para as fluorescentes, acaba de surgir mais um avanço em tecnologia de iluminação residencial: o diodo emissor de luz, ou LED na sigla em inglês. Até agora, os LEDs foram usados principalmente para fins comerciais como semáforos. Agora estão começando a aparecer em casas.
Nunca antes houve tamanha oferta de produtos práticos e que poupam energia. Desde janelas duplas, para economizar na calefação, às lavadoras de roupa com porta frontal e os carros híbridos de gasolina e eletricidade, esses produtos oferecem economia de eletricidade no longo prazo e praticamente nenhuma grande mudança de hábito. Mas custam muito mais que as tecnologias menos eficientes que pretendem substituir - um grande obstáculo em lugares como os EUA, em que a eletricidade é uma parte tão pequena do orçamento da maioria dos famílias que raramente influencia as decisões na hora de comprar um eletroméstico.
"Se a eletricidade é barata, é tratada como se fosse de graça", diz Arthur Rosenfeld, físico que chefiou a equipe de cientistas na Universidade da Califórnia em Berkeley que desenvolveu algumas das primeiras fluorescentes. "Esse tem sido o problema."
A lâmpada incandescente de Edison tem um filamento que recebe uma corrente de eletricidade que o aquece e faz brilhar. Já a fluorescente, no mercado desde a década de 30, é mais refinada. Ela consiste de um tubo de vidro com um pouco de mercúrio e revestido internamente com fósforo. Ao ser eletrificado, o vapor de mercúrio provoca uma vibração nas moléculas de fósforo, que começam a brilhar.
A combinação de mercúrio e fósforo produz menos calor e mais luz, tornando-a mais eficiente no consumo de eletricidade.
Como a fluorescente não tem filamentos frágeis, dura mais. A fluorescente tem um tom azulado, enquanto a incandescente emite uma luz avermelhada.
Desde os anos 40 as fluorescentes têm sido populares em escritórios e fábricas. Mas elas não conquistaram as residências porque exigiam instalações elétricas especiais. E os americanos, criados com a cálida luz que emana das incandescentes, achavam a luz incandescente incômoda.
As subsequentes versões "compactas" que podem ser instaladas num soquete convencional chegaram às lojas nos anos 70, mas ainda eram grandes demais para caber em alguns abajures. As lâmpadas também piscavam e zumbiam. Nesta década elas progrediram para o formato atual. E os custos foram ao chão graças a novo design e a produção passou à China.
Na Europa e no Japão, onde a eletricidade é mais cara, as fluorescentes vendem mais. Elas também ficaram mais comuns no Brasil depois da crise energética dos anos 90. Para adaptá-las ao gosto americano, os fabricantes as vêm ajustando para tentar imitar a luz incandescente.
Veículo: Valor Econômico