Alexandre MeloFernando Teixeira
SÃO PAULO - O varejo mantém uma postura conservadora este ano para o Dia dos Namorados - comemorado dia 12 de junho - considerado por alguns setores a terceira data mais aquecida do ano em vendas, visto que o período poderá ser marcado por lembrancinhas e presentes de menor valor agregado. As redes ouvidas, porém, preveem alcançar crescimento de um dígito frente ao ano passado, sendo os mais entusiasmados os setores de shopping center, lojas de chocolates e vendedores de telefonia celular.
A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) mira acréscimo de 9% nas vendas e de 7% no fluxo de pessoas para a data, expectativa que supera o aumento de 7,5% nas vendas do primeiro trimestre do ano. Para Luiz Fernando Veiga, diretor executivo da entidade, a expectativa positiva confirma a recuperação do mercado, que sofreu pequena queda nas vendas no primeiro bimestre do ano, acelerando o aumento desde março.
Ainda conforme antecipado pelo DCI, as administradoras de shoppings deverão investir até 23% a mais em marketing para esta data. As áreas que deverão despontar em vendas serão vestuário, seguido por calçados e perfumaria. Outro fator que contribuirá para o aquecimento nas vendas é a coincidência com um feriado prolongado.
Levantamento divulgado ontem pela Serasa Experian revelou que de 1.010 executivos do varejo nacional entrevistados, 70% estão pessimistas em relação ao faturamento da última data de forte apelo comercial deste primeiro semestre. Desta fatia, 42% creem que as vendas serão estáveis quando comparadas às do mesmo período do ano passado, enquanto os outros 28% veem sinais de queda.
O percentual de otimistas, 30%, caiu quatro pontos percentuais em relação à pesquisa realizada para o Dia das Mães. Apesar dos recentes sinais de recuperação da atividade econômica, a empresa acredita que uma retomada mais firme do varejo deverá acontecer somente a partir do próximo semestre. A Serasa identificou ainda que dentre os presentes mais procurados estão os celulares (25%), roupas, cintos, sapatos, tênis e acessórios (24%), flores (18%) e perfumes e cosméticos (13%).
Nesse contexto, a paulista Cybelar, que administra 65 unidades no interior do estado, planeja um crescimento de 6% a 8% das vendas para o 12 de junho. Segundo o diretor Ubirajara José Pasquotto, o carro-chefe serão os celulares, principalmente aqueles mais baratos, seguidos pelos tocadores de música. "O consumidor busca inovação de acordo com seu poder de compra, por isso temos novidades em todas as faixas de preço."
Pasquotto analisa que o Dia dos Namorados tem crescimento ano após ano dentro da rede, e este ano sinaliza que a venda de itens de alto valor agregado como notebooks e netbooks começa a aparecer como uma opção sofisticada. Além disso, entre os casados, os televisores de LCD ou plasma têm sido outra opção de compra.
Chocolates
A meta da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) para este ano é comercializar 18 milhões de caixas de chocolate, cinco milhões das quais serão vendidos neste período. "Na crise o chocolate vende mais, pois tem uma valor agregado menor, além de ser um complemento para o presente. O cliente gasta pouco e presenteia bem", ressalta Getúlio Ursulino Netto, presidente da Abicab.
Ele comenta que a estratégia será fortalecer a venda de chocolates nas datas especiais. Atualmente esse mercado tem 85 milhões de consumidores de chocolate regulares no País, que compram ao menos uma vez por semana. "Somos o quarto mercado mundial e tendemos a crescer. A Páscoa é o grande momento de vendas, seguida pelo Natal."
A expectativa otimista também está refletida nas projeções da rede de doçarias Ofner. A intenção é incrementar as vendas em até 3% frente às de 2008, até porque a companhia lançará uma linha de produtos focada na data. "Trabalhamos fortemente no ponto de venda e lançamos inclusive um pão de mel", relata o diretor comercial Laury Roman. Para o executivo, a sexta-feira que antecede o Dia dos Namorados será tão importante para as vendas como um sábado, visto que o movimento nos centros de compras brasileiros crescerá.
Na nova concorrente do segmento, a recém-criada Brasil Cacau, que pretende abrir 41 lojas até dezembro e totalizar 50, a expectativa de vendas é obter faturamento 10% superior ao de um mês comum. "Será o primeiro Dia dos Namorados da nossa marca. Para atrair os clientes investimos em produtos românticos, como caixa de bombom em formato de rosa e de coração. Soma-se ao apelo da data a entrada do inverno, o que proporciona um volume maior em nosso ganho", detalha Adriane Ura, gerente de Marketing da Brasil Cacau.
Shoppings, doçarias e revendas de celulares poderão contabilizar resultados melhores no Dia dos Namorados, pois empresas acompanham pesquisas que apontam gastos menores dos consumidores este ano.
Veículo: Valor Econômico