Panorama Brasil
SÃO PAULO - O estoque privado de café beneficiado no País relativo à safra 2007/2008, verificado em 31 de março deste ano, foi de 14.656 milhões de sacas de 60 quilos, sendo 14.005 milhões do tipo arábica e 651 mil do conillon. Os dados foram divulgados ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Esse total corresponde a 31,7% do que foi colhido naquele ciclo, que fechou em 45.992 milhões de sacas. Em Minas Gerais está localizada a maior produção e, por conseqüência, o maior volume de estoques, que chegou a 10.382 milhões de sacas do arábica e 42 mil do conillon.
A Conab realizou a pesquisa junto a 1.176 estabelecimentos cadastrados que compõem a cadeia produtiva em todo o país, como industriais, exportadores, produtores e cooperativas, com destaque para a região Sudeste, onde se encontram os maiores estados produtores.
Segundo Rodrigo Branco Peres, diretor do Café do Centro, maior torrefadoras de grãos gourmet e especiais do país, a elevação dos preços é evidente. "O preço do café deve ter alta, por problemas de produção não só no Brasil, mas em outros países também. O equilíbrio entre consumo e demanda tem um impacto direto nos preços da matéria-prima para a torrefadora", afirma Peres.
Segundo o executivo, o Café do Centro aposta na qualidade do processo de torrefação para garantir competitividade.
Por outro lado, ao comparar os investimentos com o retorno, na comercialização dos grãos gourmet e especiais, o saldo é positivo, como explica Peres. "O Brasil ficava sempre com os piores grãos e o produto final perdia em qualidade com misturas e impureza. Hoje, é possível encontrar por aqui produtos com padrões internacionais e de maior valor agregado. Procuramos investir em tecnologia e maquinário da torrefação para garantir, competitividade no mercado interno e externo", acrescenta o diretor.
Guilherme Braga, diretor-geral do Cecafé, rebateu ontem as declarações de Wagner Rossi, presidente da Conab, Wagner Rossi, sobre os resultados do levantamento do estoque de café feito pela própria empresa. "É inconcebível que a Conab, uma empresa contratada pelo setor cafeeiro para realizar os levantamentos de safra e de estoque divulgue números que, no dizer de seu presidente, podem estar inflados", afirmou Braga.
As empresas armazenadoras, que detém grande volume de café, disponibilizam seus números em função da lei (a de número 9973, de 29 de maio de 2000). As empresas comerciais o fazem em decorrência de uma gestão feita pelo próprio Cecafé a pedido do Ministério da Agricultura. "Essa rotina vem sendo seguida há cinco anos e nunca a Conab levantou suspeita sobre os dados fornecidos até porque a verificação física e documental sempre esteve à disposição da empresa, como agora", acrescentou Braga.
Veículo: DCI