FTG constrói negócio com múltiplas marcas

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Entre as montanhas de caixas empilhadas nos galpões da FTG, em São Paulo, há de tudo um pouco. Em uma pilha, situada em um canto do armazém - de 10 mil metros quadrados e pé direito altíssimo -, estão mouses para computador. Em outra, microfones. Mais adiante há cabos, maletas, câmeras fotográficas, bolas gigantes para ginástica. No portfólio da FTG já existem 1,6 mil itens e a lista não para de crescer. "A cada três ou quatro meses nossa equipe de engenharia desenvolve cerca de 150 produtos, entre itens novos e versões mais recentes de coisas que já existiam", conta Ruy Drever, executivo-chefe da FTG.

 

Drever caminha pelo depósito com desenvoltura, apontando onde está cada item. Ele conhece bem a empresa que ajudou a criar 11 anos atrás, seguindo um modelo que combina a produção de uma enorme variedade de produtos, vendidos sob marcas próprias, com a distribuição de itens de terceiros, em geral companhias bem conhecidas em suas áreas, com as quais fecha acordos exclusivos.

 

A parceria com a Yashica é um exemplo dessa estratégia. A companhia japonesa chegou a ter câmeras analógicas fabricadas no Brasil pela Kyocera, mas o avanço da fotografia digital tornou a operação obsoleta e a marca acabou abandonando o país. Foi a FTG que a trouxe de volta, em setembro do ano passado, por meio de um acordo exclusivo de distribuição que acaba de ser renovado por três anos. Atualmente, estão disponíveis seis câmeras digitais da Yashica no Brasil.

 

Drever percebeu, porém, que a parceria poderia ir muito além da mera distribuição. A FTG já tinha pronta uma linha de cuidados pessoais (barbeador, depilador, chapinha para cabelo etc) que ia lançar sob a marca Smart, de sua propriedade. Em vez disso, Drever ofereceu a linha à Yashica, que aceitou a proposta de lançar os produtos com sua marca. "Os varejistas também gostaram muito da ideia", conta Drever. O resultado é um produto que foi desenvolvido por brasileiros, vai sair com marca japonesa e será feito na China, onde a FTG tem acordos com mais de 90 empresas de manufatura sob encomenda. A previsão é de que a linha esteja nas prateleiras em até 40 dias.

 

A empresa planeja fazer algo parecido com a companhia de malas Samsonite. Já foi fechado um acordo, também exclusivo, para a FTG distribuir mochilas e pastas para notebooks da marca americana no país. Agora, as duas empresas negociam o lançamento de uma linha de bolsas esportivas desenhada pela FTG para a Pretorian, sua marca de acessórios para luta, mas que levará a chancela "by Samsonite".

 

A Pretorian é outro universo à parte. Junto com a marca Torian, de acessórios esportivos, ela integra a unidade de produtos esportivos da FTG. Drever também tem familiaridade com o assunto: ele próprio é um adepto das lutas marciais e treina regularmente boxe e "muay thai", uma luta tailandesa. "A linha de esportes está crescendo. O próximo passo é lançar toda uma linha de vestuário que será feita no Brasil", diz o executivo.

 

A unidade de esportes é parte do tripé que sustenta a FTG. As outras duas unidades são a de eletrônicos - subdividida na linha Yashica e na de acessórios (que inclui marcas próprias como Smart e SmartPlus) - e a de comércio eletrônico. Nesse terceiro segmento, o de vendas on-line, a atuação da FTG se dá por meio do site Novu.com, que também vai passar por uma reformulação, diz Drever.

 

Para não concorrer com as redes varejistas que são clientes da FTG, o Novu está voltado para artigos específicos. "São produtos de tecnologia relativamente simples, mas práticos e inovadores", diz Alencar Gomes Jr., gerente de marketing e produtos da FTG. Nos casos em que o site vende itens que também são distribuídos aos clientes, há um monitoramento permanente em relação aos preços, para que a loja virtual não se transforme em um competidor desleal, afirma Gomes Jr.

 

A diversidade de produtos tem ajudado a FTG nesse período de crise econômica. Uma das vantagens do modelo é a possibilidade de oferecer kits de produtos, como cartões de memória de marca própria que são vendidos junto com as câmeras da Yashica, por exemplo. A companhia entrou em 2009 com a meta de crescer 12%, mas nos quatro primeiros meses do ano o crescimento superou as expectativas e alcançou 20%. "Esse desempenho não é tão surpreendente considerando a variedade de produtos e a entrada da Yashica", diz Drever. "Em algumas linhas a receita subiu e em outras, caiu."

 

Ainda é difícil prever como será o desempenho no resto do ano, afirma o executivo. O maior desafio é o câmbio. Quando há muita oscilação, os varejistas se retraem. O melhor cenário, afirma Drever, é o de estabilidade cambial. Independentemente do cenário, a companhia, que hoje reúne cerca de cem funcionários, está intensificando a busca por mais produtos atraentes ao público. Drever e os outros executivos da FTG percorrem periodicamente as feiras que acontecem no país - de segurança a automóveis - e reservam espaço para participar das principais mostras internacionais, como a CES (a feira de eletrônicos de Las Vegas) e a feira de Hannover, na Alemanha.

 

A nova aposta da companhia é o lançamento da primeira filmadora da Yashica no Brasil. A previsão é de que o equipamento estará disponível no prazo de 30 a 40 dias. A FTG também estuda uma parceria para montar câmeras da marca japonesa em Manaus. "A estimativa é de que a montagem local reduziria o custo em cerca de 15%", diz Drever. "Estamos fazendo uma análise para ver se o investimento compensa."
 


Veículo: Valor Econômico
 

 


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