Até o fim do ano, as uvas e mangas produzidas no Vale do São Francisco receberão um selo de indicação de procedência geográfica. O registro foi concedido em meados deste mês pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi). É a primeira vez que uma fruta recebe esse tipo de identificação no Brasil.
O pedido de reconhecimento foi feito pela Univale, associação que representa mais de 90% dos produtores da região de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). O objetivo é diferenciar as frutas produzidas no Semiárido nordestino. O submédio do Vale do São Francisco produziu 87% das mangas e 99% das uvas exportadas pelo Brasil no ano passado, o que representou cerca de US$ 200 milhões.
Os fruticultores buscam também estabelecer para a área um determinado padrão de qualidade, fixado pela própria Univale em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Segundo Maria Auxiliadora Lima, chefe de pesquisa da Embrapa Semiárido, as regras vão de cuidados com a produção a características finais da fruta, como coloração, tamanho e teor de açúcar. "A ideia é que só as melhores ganhem o direito de usar o selo."
De acordo com José Gualberto Almeida, presidente da Univale, inicialmente cerca de 30% das uvas e mangas do Vale devem receber a etiqueta de indicação de procedência por atender às exigências. "Queremos que, em breve, os consumidores não peçam frutas apenas, mas sim produtos feitos no Vale do São Francisco, por isso é fundamental investir na qualidade."
A Univale está agora se organizando para treinar os técnicos encarregados de avaliar os padrões de produção das fazendas. Também está sendo estudada a forma que terá esse selo de indicação geográfica.
Hoje, poucos alimentos e bebidas brasileiros têm o registro de indicação geográfica concedido pelo Inpi. É o caso dos vinhos do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, dos cafés do Cerrado Mineiro e da Alta Mogiana, em São Paulo, da cachaça de Paraty (RJ) e da carne dos pampas gaúchos.
Veículo: Valor Econômico