O grupo alemão Freudenberg, presente no país há mais de 30 anos, pretende ingressar no mercado de limpeza doméstica, a única divisão do conglomerado ainda sem uma operação no Brasil. Especializado, entre outras áreas, na fabricação de não-tecidos, o grupo está analisando oportunidades de parceria ou aquisição de alguma empresa nacional para atuar definitivamente no segmento brasileiro de produtos para o lar. Atualmente, as operações do grupo Freudenberg estão focadas no fornecimento de insumos ao mercado industrial, para clientes que variam desde fabricantes de bens de capital até de veículos.
Agora, o mercado-alvo do grupo alemão é o de objetos para a limpeza, como esponjas, vassouras e panos feitos à base de não-tecidos, luvas e palhas de aço. A linha ainda conta com outros itens. Segundo Juan Carlos Borchardt, principal executivo do Freudenberg na América do Sul, a companhia tem analisado, desde o início do ano, as oportunidades de mercado criadas pela crise financeira internacional.
"Está sendo uma boa chance para acompanhar as empresas desta área presentes no Brasil", disse Borchardt. Para ele, encontrar um parceiro ou uma empresa atuante no segmento é a melhor alternativa para iniciar as atividades no país, já que o grupo Freudenberg é mais conhecido no meio industrial.
Em 2008, o grupo faturou € 5 bilhões. No Brasil, o faturamento foi de R$ 460 milhões. Para este ano, a perspectiva é a de manter o resultado registrado em 2008. Os últimos investimentos anunciados no país totalizam R$ 100 milhões, programados para o quadriênio 2007 - 2011. Porém, de acordo com Borchardt, o ingresso no mercado de produtos para o lar pode alterar esse planejamento.
"Estamos cogitando diversas possibilidades para entrarmos neste mercado", disse o executivo, ao ressaltar que a ideia é chegar a uma definição até o fim do ano.
No mundo, o conglomerado é composto por 14 áreas de negócios, agrupadas em quatro divisões principais. São elas: vedação e tecnologia de controle de vibração, não-tecidos, produtos para o lar e outra que congrega empresas químicas, de mecatrônica e novas tecnologias.
No Brasil, fazem parte do grupo a Freudenberg-NOK, EagleBurgmann, Vibracoustic, Klüber Lubrication, Chem-Trend e Freudenberg Não-Tecidos. A operação reúne aproximadamente 1,3 mil funcionários e seis fábricas espalhadas pelo Estado de São Paulo. Na América do Sul, o grupo está presente também na Argentina, Chile, Colômbia e Venezuela.
A estratégia de fortalecer a presença no país segue uma orientação global do grupo, a de focar nos mercados emergentes. Além do país, China e Índia têm sido relevantes na diversificação de mercados do Freudenberg, ainda muito concentrados na Europa e Estados Unidos. Os nichos de atuação eleitos prioritários são os de produtos médicos, óleo e gás e tecnologias híbridas para veículos. "Essas áreas são as que o grupo enxerga como apostas para o futuro", acrescentou Borchardt.
Nos mercados desenvolvidos, os impactos da crise financeira fizeram com que o Freudenberg encerrasse a produção de quatro fábricas nos Estados Unidos e uma na Espanha. Segundo Borchardt, existe a possibilidade de outros ajustes em função da redução de demanda de diversos setores, como o automotivo. Nessa área, o grupo atua no mercado de vedantes e retentores, mas conta com pesquisas de componentes para as baterias de lítio, usadas nos carros movidos a energia elétrica.
Sob o controle de cerca de 320 acionistas da família Freudenberg, o grupo não está listado em bolsa de valores, algo que na opinião de Borchardt permite um planejamento de longo prazo. Em 2009, o grupo completa 160 anos.
Veículo: Valor Econômico