Design diferenciado das lojas se transforma cada vez mais em ferramenta de marketing
Há dez anos, o casal Nelson Rocha e Claudia Salto começou um negócio simples de apoio às ações promocionais de empresas, fazendo a ambientação em eventos, festas e pontos de vendas. Dos R$ 804 mil que faturaram em 1998, quando empregavam 12 funcionários, passaram para R$
19,7 milhões no ano passado, mantendo 120 funcionários fixos. Todos trabalham em um galpão onde não apenas projetam cenários e adereços, como também fabricam as peças que saem das pranchetas de criação da própria equipe.
Com um nome inspirado nos estúdios do cineasta italiano Frederico Fellini, a agência Criacittá de Marketing Cenográfico atende a clientes como a indústria Alpargatas, na linha Havaianas, com a criação de displays para exposição das sandálias em lojas não só no Brasil, mas também no exterior. Hoje, a Criacittá mantém um escritório em Paris para atender as lojas que vendem Havaianas. Durante dois anos seguidos, a empresa fez toda a decoração do espaço que as sandálias ocuparam na loja Louis Vuitton de Tóquio. Eles também assinaram o projeto exposto nas seis vitrines da Printemps, em Paris, para as Havaianas.
Entre os outros clientes da Criacittá estão a TAM - em eventos e no museu da companhia aérea em São Carlos (SP) com café, restaurante e butique; a indústria de alimentos Kraft, com o recente desenvolvimento de quiosques de supermercados para a os chocolates Lacta; e também a criação e implantação da loja conceito da rede varejista Magazine Luiza, que funciona no shopping Aricanduva e tem uma padaria em seu interior.
"Comecei fazendo cenografia para eventos e percebi que fazia comunicação. Resolvi investir no conceito", conta Rocha. "O mundo foi ficando muito rápido e o ambiente de vendas passou a ter a obrigação de reter a atenção do consumidor e de prolongar sua estada para estimular a compra." Ao perceber o interesse crescente dos clientes, Rocha patenteou a sua marca "marketing cenográfico", e considera que não tem concorrente direto no mercado, porque nenhuma outra empresa entrega o serviço de ponta a ponta, da criação à execução e montagem final.
Mas, se não tem concorrente direto, Rocha sabe que tem indiretos, como os escritórios de design e as empresas de marketing direto. Isso porque sua empresa costuma trabalhar em parceria com agências de eventos, como é o caso da B/Ferraz, do grupo ABC.
Luciano Deos, sócio e diretor da Gad Branding & Design, reconhece que o mercado para projetos que buscam transformar locais de varejo em "experiências de compra" é crescente nos últimos cinco anos. "O ponto de venda é um dos principais pontos de contato com o consumidor. Criar espaços que tenham sons, cheiros e texturas que permitam associação com uma marca é algo que até mesmo a indústria está buscando", diz ele, ao lembrar das chamadas lojas-conceito que invadiram o mercado nos últimos anos. Há inúmeros exemplos, que vão da famosa loja da Apple na 5 ª Avenida, em Nova York, à da Samsung, no Shopping Morumbi, em São Paulo.
A Gad desenvolve da estratégia e linguagem visual à implementação nos pontos de contato. Para a execução em si, a Gad contrata terceiros, como engenheiros e arquitetos. Entre os projetos que implantou nos últimos anos com essa filosofia estão as lojas para as empresas de telecomunicação Oi e Claro. Atualmente, a empresa trabalha em projetos para a Vivo e Telefônica, entre outros.
Cada vez mais sofisticados e criativos, os pontos de venda se transformaram em ferramentas de mídia, deixando de ser apenas um canal de venda.
Veículo: O Estado de S.Paulo