Se você já tentou encontrar uma barra do chocolate Snickers em Saigon ou o Kisses da Hershey em Paris, deu azar. Embora os maiores ícones americanos, como a Coca-Cola, o Big Mac e o cigarro Marlboro, possam ser encontrados em praticamente todas as grandes cidades do mundo, quem quiser adoçar a boca fora de seu país precisará escolher entre marcas exóticas como Flake, Freddo e Curly Wurlys.
O mercado mundial de doces vendeu US$ 150 bilhões no varejo em 2008, segundo a consultoria internacional de mercado Euromonitor. E as vendas desse setor vêm crescendo continuamente nos últimos cinco anos, a uma taxa anual de 5%. Os Estados Unidos são o maior mercado consumidor de doces do mundo, tendo gastado mais de US$ 8,8 bilhões nesses produtos no ano passado, um crescimento de 2% sobre 2007. Os americanos consomem cerca de 11,3 kg de doces per capita ao ano, segundo o Census Bureau.
O resto do mundo também gosta de doces. A indústria de guloseimas está dividida em três categorias: chocolates, não-chocolates e gomas de marcar. A dos chocolates é de longe a maior, com 55% do total, enquanto as gomas de mascar respondem por apenas 14%, mas é o segmento que vem crescendo mais.
A Suíça domina o segmento de chocolates, com consumo per capita de 11,3 kg. O Reino Unido vem em segundo, com 8,8 kg por pessoa, seguida da Bélgica com 8,6 kg.
Diante desse cenário, quais são os chocolates e guloseimas mais consumidos mundialmente? A "BusinessWeek", em colaboração com a Euromonitor, compilou uma lista das marcas de doces e gomas de mascar mais vendidas em 25 países, incluindo o Brasil. A lista traz alguns nomes familiares como M&M's - o doce mais vendido nos EUA e também no mundo. Mas também mostra marcas pouco conhecidas como a Jet da Colômbia e a Roshen da Ucrânia, as mais vendidas em seus países.
Alguns dos chocolates mais conhecidos no planeta - Snickers e Kit Kat, por exemplo - não entraram na lista, uma vez que não são o número 1 em nenhum dos países pesquisados. Só para registrar, a Euromonitor afirma que o Snicker é o segundo mais vendido no mundo, perdendo apenas para o M&M's (uma doce notícia para a Mars, que fabrica os dois), seguido da goma de mascar Trident, fabricada pela Cadbury. O chocolate Kit Kat, fabricado pela Nestlé, e a goma de mascar Orbit da Wrigley, controlada pela Mars, completam os cinco mais vendidos.
Uma surpresa é a popularidade crescente da goma de mascar - mesmo em países como a França, onde a marca Hollywood vende mais que doces tradicionais como as trufas de chocolate. Um dos principais motivos por trás do crescimento de vendas das gomas é a postura dura contra o tabaco que muitos países estão adotando. Cada vez mais impedidos de fumar em ambientes fechados, ou à procura de uma alternativa para o cigarro, muitos fumantes aderem à goma de mascar.
A recessão mundial pode estar levando muitos consumidores a reduzir seus gastos, mas os doces estão se mostrando uma exceção.
A Nielsen coloca os doces entre uma das cinco categorias de alimentos à prova de crises, junto com frutos do mar, massas, cerveja e molhos para massas. "As pessoas têm uma relação especial com os doces, especialmente aqueles com os quais elas cresceram", diz Michael Allured, editor da "Manufacturing Confectioner", uma revista especializada. "É algo reconfortante e relativamente barato."
O negócio dos doces é dominado por gigantes. Por anos a Cadbury disputou o primeiro lugar com a Nestlé. Mas a compra da Wm. Wrigley Jr., fabricante de gomas de mascar de Chicago, nos EUA, pela também americana Mars em abril de 2008 alavancou a Mars do quinto posto para o topo da lista.
Os mercados emergentes também crescem, o que leva algumas multinacionais a investirem mais agressivamente nesses países. Mesmo assim, embora as maiores companhias e marcas tenham uma certa supremacia em vários mercados - a barra de chocolate Dairy Milk da Cadbury, por exemplo, é a mais vendida na Austrália, Reino Unido e Índia -, elas ainda têm uma fatia de apenas 42% no mercado mundial. Isso deixa fabricantes locais menores como a Hsu Fu Chi International da China, e a Tiger Brands da África do Sul, com participações de mercado dominantes em seus países de origem.
Veículo: Valor Econômico