Baixa renda dá lucro à indústria de higiene e beleza

Leia em 2min 20s

A baixa renda deu uma injeção de ânimo nos planos dos fabricantes de produtos de higiene pessoal. Pela primeira vez, esse segmento puxou as vendas do setor, que inclui ainda os cosméticos, tradicionais líderes no comércio, e a perfumaria. Segundo cálculos preliminares da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), as vendas da indústria no primeiro semestre aumentaram 18%, em boa parte por conta da procura cada vez maior por sabonetes, xampus, desodorantes e absorventes higiênicos. A conclusão, segundo o presidente da entidade, João Carlos Basílio da Silva, é que a baixa renda, com uma sobra de caixa, tem investido mais nesses produtos. Segundo ele, não só aumentou a frequência de uso, como partiu para marcas mais caras.

 

Para a indústria, o momento é muito bom. Na avaliação do presidente da subsidiária brasileira da Procter & Gamble, Tarek Farahat, o crescimento do consumo na classe C tem a ver, além do crescimento da renda, com o aumento, nos últimos anos, dos investimento da indústria em tecnologia. "Há quatro anos o consumidor da baixa renda só encontrava o xampu na faixa dos R$ 3 a R$ 5. Hoje, com a melhora do poder aquisitivo, ele encontra mais opções, também na faixa dos R$ 5, dos R$ 10, e com muito mais tecnologia, seja qual for o preço", diz.

 

Segundo Moacir Sanini, diretor superintendente da divisão de higiene e beleza do grupo Bertin, dono de marcas como OX, Neutrox, Francis e Hydratta, o crescimento do segmento é "espantoso". O executivo não dá detalhes sobre o faturamento, mas diz que foi maior que a taxa verificada pela Abihpec. Para aproveitar a boa fase, a empresa tem investido em pesquisas em todo o País para adequar os produtos a esses novos consumidores. "Com esses clientes, é muito importante acompanhar bem de perto o que eles estão buscando", diz.

 

Também atenta a esse movimento, a Unilever investiu nos últimos anos na remodelagem de embalagens para baratear alguns produtos. É o caso de parte da linha de desodorantes das marcas Axe e Rexona. Como alternativa, a multinacional decidiu oferecer versões econômicas, com o tamanho e o preço em média 50% menores.

 

A Hypermarcas, dona de marcas como Monange, Risqué e Bozzano, já tem presença forte na baixa renda e tem aproveitado a evolução dessa classe social para aumentar as vendas. Claudio Bergamo, presidente da empresa, disse que vinha segurando os preços para ampliar os negócios. "O pobre só vai deixar de comprar esses produtos se comprometer demais a renda futura ou perder o emprego. Enquanto a renda dele estiver atrelada ao salário mínimo, com ganho real, as vendas vão continuar a crescer."

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


Veja também

Procedência

O Grupo Pão de Açúcar vai lançar um serviço inédito no Brasil. Ao comprar um i...

Veja mais
Bebê a bordo. Na gôndola

Consumo da família aumenta 40% com a chegada de um bebê   O mundo dos bebês, com sua enorme pa...

Veja mais
Pano

O segmento de cama, mesa e banho registrou um crescimento de 3,4% nas vendas em julho na comparação com ju...

Veja mais
Bula

A rede de farmácias Pague Menos abre sua primeira loja em Roraima, na capital Boa Vista, com investimento de R$ 1...

Veja mais
Nova alta do leite

O Cepea/Esalq apurou nova alta nos preços do leite em julho. O preço médio aos produtores, pago pel...

Veja mais
Preço do leite sobe mesmo com captação maior em junho

O aumento de 0,87% na captação de leite de maio para junho não foi suficiente para frear o moviment...

Veja mais
Setor químico já trabalha com 80% da capacidade

A indústria química respira mais aliviada com a retomada do nível de produção e de ve...

Veja mais
Para consumidor apressado, frutas já vêm com marca

Tudo começou com uma maçãzinha. O consumidor brasileiro sempre gostou das maiores maçã...

Veja mais
Safra de trigo argentina deve ter baixa histórica

A Argentina plantou até o momento 2,36 milhões de hectares de trigo de um total estimado de 2,75 milh&otil...

Veja mais