De caça a caçador, Ricardo Eletro avança

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Uma nova loja da Ricardo Eletro foi inaugurada com pompa na sexta-feira, em uma cidadezinha do Pantanal mato-grossense. Com direito a banda de música, show de palhaços e discurso do prefeito, a inauguração foi um acontecimento na fictícia Paraíso, que dá nome à novela das 18h da rede Globo. Parte do elenco vestiu a camisa da varejista, onde se lê "Ricardo cobre tudo", mote da nova campanha. Mais do que uma ação de merchandising em rede nacional, a primeira da sua história, a iniciativa dá o tom das ambições da empresa. Presente em nove Estados e no Distrito Federal com 275 lojas, dona de um faturamento de R$ 1,7 bilhão em 2008, a Ricardo Eletro quer se tornar uma potência nacional, capaz de fazer frente aos seus maiores concorrentes - Casas Bahia, Ponto Frio e Magazine Luiza -, sem abrir espaço para qualquer oferta de compra.

 

"Nem penso em vender, tenho só 39 anos, tem muita história pela frente ainda", diz Ricardo Nunes, dono da empresa, em um típico sotaque interiorano, semelhante ao dos personagens de Paraíso. Mineiro de Divinópolis, Nunes começou o negócio há 20 anos, depois de trabalhar como ambulante, vendendo de mexerica a bicho de pelúcia. A rede tem sido apontada como alvo de grandes players, a exemplo do Grupo Pão de Açúcar, que adquiriu há dois meses o Ponto Frio. Apoiado pelo HSBC, dono da Losango - com quem fechou acordo no ano passado para instalar pontos de venda da financeira nas lojas da rede -, Nunes fala mesmo em comprar. "Dinheiro não é problema para eles [o HSBC]", diz o empresário, que tem 30% das suas vendas financiadas pela Losango. "Mas por agora o meu foco é o Rio de Janeiro".

 

Hoje, a Ricardo Eletro abre a 35ª loja no Estado fluminense, no popular bairro do Méier, zona norte da capital. Semana passada, a rede chegou a Pernambuco, com inauguração de uma loja em Petrolina. Ao todo, estão sendo investidos mais de R$ 50 milhões na inauguração de 42 lojas lojas este ano, sendo 25 só no Estado do Rio. Os recursos vêm do HSBC. A meta é atingir 300 pontos de venda no país até o fim de 2009, mas a capital paulista ainda não está nos planos. "Temos que fazer o Rio inteiro, porque o custo de publicidade lá é grande, e só depois vamos pensar em outros lugares", diz Nunes, que desembarcou no mercado fluminense no ano passado, quando comprou 13 pontos de venda da Danúbio, antes Arapuã. A consolidação na região, segundo ele, deve ser concluída em 2010.

 

O empresário pretende crescer 30% em faturamento em 2009, para R$ 2,2 bilhões. "A redução do IPI na linha branca deu novo impulso às vendas", diz Nunes, que percebe ainda a procura crescente por outros itens de maior valor agregado, como as TVs de LCD. O tíquete-médio da rede está em R$ 653.

 

E a internet já se tornou a principal loja da Ricardo Eletro. "Representa 7% das nossas vendas", diz Nunes. Em setembro, o centro de distribuição da empresa em Belo Horizonte, que foi ampliado de 20 mil para 35 mil metros quadrados, será reorganizado para ceder espaço exclusivo à operação on-line. "Há muitas miudezas, metade das encomendas vão pelo correio, não dá para manter junto com as mercadorias que vão para as lojas", afirma. Cerca de 130 pessoas estão sendo contratadas para a operação on-line.

 

A última grande aquisição da Ricardo Eletro foi em julho de 2007, com a compra da rede Mig, então com 86 lojas em Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal e São Paulo. A rede também está no Nordeste (em Alagoas, Bahia e, agora, Pernambuco). Mesmo sem presença na capital paulista ou no sul do País, dois mercados importantes, a empresa está disposta a já reservar lugar na mente dos consumidores em rede nacional. Por isso, começou em julho com os planos de merchandising em programas da Rede Globo, como parte dos investimentos de R$ 60 milhões este ano em comunicação, valor 33% superior ao do ano passado.

 

"Esse montante pode crescer, se houver mais alguma aquisição", avisa Euler Brandão, diretor de atendimento e planejamento da Pro Brasil, dona da conta da Ricardo Eletro. Além da novela Paraíso, que já rendeu um elogio rasgado à figura de Ricardo Nunes (o radialista interpretado por Guilherme Berenguer disse que o empresário "tem visão de negócio bem moderna e acabou montando uma empresa enxuta e dinâmica, com uma administração bastante inteligente"), a Ricardo Eletro está no programa Caldeirão do Huck.

 

Em uma das atrações que foi ao ar mês passado, o próprio Ricardo Nunes, ao lado de Luciano Huck, dirigiu o caminhão que fez a entrega dos prêmios ao vencedor do quadro 'Cantando 7', em João Pessoa (PB). "Temos contrato de merchandising com o Caldeirão do Huck até julho do ano que vem", afirma Brandão.

 

As campanhas regionais continuam, segundo Brandão. A mais recente estreou em julho, com o mote: "Para tudo, o Ricardo cobre tudo". Do lado da concorrência, a rede comandada por Michel Klein também colocou no ar a sua campanha com o bordão "A Casas Bahia cobre qualquer preço". Ricardo Nunes diz que foi cópia. "Há 20 anos eu registrei em cartório o compromisso de cobrir qualquer preço", afirma. A Casas Bahia, por sua vez, sustenta que a promessa é algo comum no varejo, assim como 10 vezes sem juros ou sem entrada. Mas, no fundo, Nunes, não reclama. "É até motivo de orgulho a Casas Bahia me copiar".

 

Veículo: Valor Econômico


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